quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Catarina no país das maravilhas (Carlton & United Breweries)

Parece que foi ontem que escrevi por aqui pela última vez... então percebo que na realidade faz meses. Da série coisas da vida que pareciam mais fáceis na minha cabeça, manter o blog lá do outro lado mundo não deu muito certo. Outra coisa que parecia mais fácil era voltar a morar fora. A saudade desta vez bateu muito forte e não resisti, voltei para o Brasil. Na bagagem, mais experiência, alguns calos e boas cervejas.

Mas a Austrália deixou boas memórias. E uma das melhores foi a visita à Carlton Brewery, maior e mais famosa cervejaria da Austrália. Por um momento pensei em largar tudo e fazer um curso de Brewing nos arredores de Melbourne, mas a razão falou mais alto. Por isso a estada em Melbourne durou somente 4 dias, intensos e inesquecíveis.

A Carlton & United Breweries é uma cervejaria australiana fundada em 1850, sua fábrica fica próximo ao gostoso bairro de Richmond, em Melbourne, Victoria. É a maior cervejaria, produzindo muitas das bebidas de maior sucesso da Austrália, incluindo a best-seller Victoria Bitter, que falo mais abaixo. Outras de suas obras-primas são a conhecidas linhagem das Carlton: Draught, Dry, Cold, Midstrengh e Black, Melbourne Bitter, Crown Lager, Pure Blonde, Fosters e a sidra Strongbow, famosa por ali!

Pé ante pé, vamos falar destas famosas perfeitinhas "aussies", que mais que uma cerveja perfeita, me proporcionaram um dia perfeito. Pra começar que a visita foi feita bem à Brasileira, de última hora. Isso porque a visita teria que ser agora, tipo ao meio dia, e teria quinze minutos para chegar lá. No meu cronograma de viagem a Carlton era só no último dia, mas quando liguei pra agendar descobri que estaria fechada. A guia, típica australiana simpática a amável (sério, adoro!) prometeu que o grupo me esperaria chegar. Bolsa, câmera, celular, café e táxi!!! Ao cruzar o portão, me chamaram pelo nome e me guiaram ao grupo. "Are you the brazilian who write about us?"
"Y-yeah", disse, um misto de orgulho e vergonha por ser mais uma brasileira atrasada...


Da linha Carlton, comecemos pela Draught, a mais tradicional dos australianos bêbados. Uma Lager suave, de corpo dourado e sabor encorpado, marcado pelo lúpulo, que lhe dá um final ligeiramente seco. A Carlton Draught é a mais conhecida nos "barbies", os assim chamados churrascos aussies.

A Carlton Dry é assim chamada por ter seu açúcar removido no processo de fermentação num período de tempo mais prolongado, e na matemática cervejeira, menos açúcar é igual a menos carboidratos. Além disso, seu teor alcoólico também é reduzido, 4.2%.

Carlton Cold é a Antarticta Sub-zero australiana. Sem mais. 

A Carlton Mid é feita através de uma combinação de 4 diferentes tipos de lúpulo, que a deixa personalizada, além de um sabor maltado mais característico que traz um equilíbrio entre o amargor e a leveza. Leve aliás também no ABV, de 3.5%. 

A Carlton Black é a Ale da família, num sabor frutado que combina com o malte torrado em tambores especiais. Esta Ale de tons rubis me lembra a paixão de Melbourne por café (lá eu tomei os melhores cafés da minha vida), já que em seu aroma podemos até sentir um tradicional Mocha aussie. Favorita do time!


Já a Victoria Bitter, ou VB, é umas das cervejas mais vendidas na Austrália. Esta cerveja inclusive me chama a atenção por ter o mesmo padrão de servir dos Brasileiros: estupidamente gelada, o que não vemos pelo resto do mundo. Talvez o clima da Austrália ajude um pouco nisso... A VB é intensa, forte, de aroma frutado e sabor amargo do lúpulo no final, balanceado pelo malte doce e suave. Na realidade bem menos amarga que o nome traz.

A Melbourne Bitter foi minha primeira cerveja na cidade, aliás duas. Foi me dada por um amigo que duvidou do meu paladar por Bitters. Os "Melbournianos" são muito regionalistas, logo têm a cerveja que leva o nome da cidade. Mais robusta, intensa e amarga, de corpo mais escuro e espuma bege, manda muito bem!

Crown Lager, conhecida intimamente como "Crownie", é a cerveja da turma que tem uma história complicada. Foi originalmente produzida em 1919 como "Foster Crown Lager ", inicialmente disponível apenas para as personalidades britânicas que visitaram a Austrália. Durante a primeira visita real da rainha Elizabeth II para a Austrália em 1954, Carlton & United Breweries fez o lançamento oficial nesta ocasião como então Crown Lager. Só que essa história até hoje está em discussão, já que dizem que a Foster Crown Lager já era fabricada antes de 1919 e que era amplamente disponível para o público antes de 1954. Enfim... Sua garrafa tem forma exclusiva com seu logotipo cravado, e está no mercado como uma cerveja premium. Como tal, formou uma associação com a Golf Austrália para criar o Crown Lager Social Golf Club. Chique, quem joga golfe é chique. No sabor, só difere das outras lager comerciais por se um pouco mais forte. Sim, Original.

Pure Blonde, cerveja mais leve, baixo amargor, tem 70% menos carboidratos que as comuns e com uma espuma bem rarefeita. Achei normal demais, nada que me fizesse falar que é uma puta cerveja, mas é gostosa, não é sem gosto como as lights por aí. Na realidade, mais uma das lagers da família... dá pra ver de longe que não é minha favorita né!?

Fosters, a minha primeira australiana da vida, que vendia no pub em Londres lá no passado, é a lager comercial, douradinha, leve, gelada e cristalina. Equilibrada no amargor, espuma branca, pode dizer que desce redonda? Sua única e principal característica é que é feita com um levedo diferenciado das outras. É a aussie mais vendida no mundo.

A cervejaria ainda produz outras cervejas do mundo, como uma "filial". O ponto alto da visita foi subir até o topo da produção, numa temperatura interna de mais de 50 graus. A vista de cima dos grandes barris de fermentação é sensacional. Deu até vontade de ficar por ali se não fosse o próximo passo: a degustação.


Depois, coisa óbvia, compra de souvenirs. Porém este tempo na Austrália fechou um pouco minha mão, embora tenha saído de lá com o melhor dos souvenirs de todas as visitas à fabricas da vida:



Assim, o sonho australiano chega ao fim, a vida no Brasil volta aos poucos ao normal. Não foi fácil viver tão longe, largar tanta coisa. Desistir de tudo foi ainda mais difícil, mas puder resgatar o que tenho de melhor da vida: o sorriso do rosto! E, ainda, descobrir algo que, no fim, eu já sabia: A cerveja perfeita não mora na Austrália!

Cheers. MATE!

terça-feira, 2 de julho de 2013

Pequenas Criações Australianas

Há quase quatro meses vivendo uma vida de australiana, começo a me sentir como uma. Por isso, conforme prometido, vamos falar de uma cerveja nata da Austrália Ocidental, ou WA, ou Perth...

Fui selecionada para uma entrevista para um "tasting team" de cervejas locais. Mandei meu currículo cervejeiro, contei minha história e hoje foi o dia da entrevista. Super informal, o assunto cerveja fluiu como sempre. Nada é melhor do que falar de cerveja. Falando de favoritas, me perguntaram das favoritas australianas, e me lembrei da nossa primeira australiana, a James Squire, que coincidentemente foi provada ainda no Brasil há algum tempo e fiz um post todo especial sobre ela, lembram? Ah as coincidências da vida!

Eis que, ainda falando de favoritas, nos vimos preferindo whitebeers, amando Hoeggarden e como um doce souvenir da entrevista, fui apresentada à White Rabbit, uma whitebeer da cervejaria Little Creatures, local de Perth. Melhor entrevista da vida: do lado de casa, clima informal e ainda ganhei uma cerveja. Se nada der certo, já saí no lucro! E como o perfil do trabalho é exatamente provar cervejar, já comecei agora...

A Little Creatures nasceu em 2000, fruto da paixão por cerveja de alguns amigos e uma ideia de uma cervejaria local que fizesse a mehor receita de pale ale. Com sede em Fremantle, bairro histórico de Perth, foi construída com o aval e participação de toda a vizinhança, e é um orgulho para o povo local. Hoje além a fábrica, conta com um enorme restaurante de onde as cervejas saem direto dos barris (gigantes) e um clima de pier-praia-marina no ar, já que a cevejaria fica muito próximo ao porto e no desemboque do rio Swan no mar. Uma delícia de lugar! 

A White Rabbit é de fato muito parecida com a Horggarden citada acima, mas sem o mesmo amargor (15 IBU), o que faz desta uma cerveja uma mais leve, doce e, podemos dizer, redonda. Cerveja de ABV leve (4.5%), longe de parecer com as whitebeers brasileiras, que comumente vem com traços de banana, esta mantem os traços de laranja e coentro, dando um toque herbal, cítrico e diferente no seu retrogosto, que conta ainda com berries. Uma bela exemplar da tradicional cerveja  branca belga, com um corpo amarelo opaco, bem sedimentada, vale uma beeeela chacoalhada no fundo da garrafa pra fazer valer todo o material. Uma cerveja refrescante para um dia ensolarado de vinte e poucos graus no inverno de Perth. Assim disseram os monges belgas que deram a receita - segundo seus criadores.


Ainda, não posso deixar de lado um detalhe, um pequeno detalhe, que deu a graça na garrafa de rótulo simplista, sem muitas informações mas com a graça necessária: gravado no vidro das garrafas de suas cervejas, um pequeno anjo, um cupido, que já tinha visto em algum lugar antes... ah boas memórias!!!

Cheers mate!

segunda-feira, 27 de maio de 2013

Waka waka

Nunca antes na história deste blog ficamos tanto tempo off. Peço sinceras desculpas e prometo - novamente - voltar à ativa como antes. Quem vive no exterior sabe como a fase de adaptação é complexa e demorada, e me tornar aussie tem sido quase impossível!

Mas antes que a adaptação se conclua, não falo de australianas. Como ainda tô no meio do caminho, vou contar de uma cerveja do meio do caminho.

Conexão na África do Sul e o que eu quero? Amarula! Por um tempinho não pensei em cerveja, afinal não é muito frequentemente que podemos tomar Amarula em sua terra natal. O doce licor de Marula, uma fruta africana, misturado em creme de leite e com PASMEM 17% de teor alcoólico. Amo Amarula desde os tempos de adolescente, quando achava que dava pra fazer amarula caseira com vodca e Nescau.

Mas eis que no Duty Free, quase apagada pelos mil destaques de Amarula na área de bebidas, eu encontro uma geladeira. Com cerveja gelada. Tinha mais duas horas de conexão e nem pensei duas vezes. Foi pro caixa!

Quem?
Darling Brew, Slow Beer.

Pesquisei e descobri que é uma cervejaria africana fundada em meados de 2007 em Cape Town, por viajantes que estavam pela África sem destino. Uma micro-cervejaria cujo primeiro rótulo foi este provado, e Slow beer é o conceito que representa a cervejaria, slow fermentation contra produção de massa. A inspiração da cervejaria para os rótulos é a tartaruga geométrica, uma das mais raras do mundo, encontradas somente na África mas que, recentemente, um grande incêndio florestal reduziu drasticamente a sua população e a deixou em extinção. Tem cores fortes e manchas no casco que parecem feitas geometricamente.

A Darling é uma lager leve, com uma rica cor laranja-dourada. Refrescante, com um sabor forte do lúpulo e finaliza com um amargor suave. Tem aroma frutado, com toque leve de banana, espuma clara e com muita carbonatação. Muito parecida com nossas lagers que matam a sede nos dias de verão, no meu caso matou a sede de curiosidade e, principalmente, ansiedade!

Waka waka (do it!)

segunda-feira, 15 de abril de 2013

Czechvar agora é chopp!


Texto escrito pela Elisângela  ou Eli, que nos representou no evento. Ela é uma recém apaixonada por cerveja – na realidade por qualquer tipo de bebida, mas que se aproximou do mundo da cerveja graças às boas influências. Valeu Eli!

A gente já falou aqui sobre a Czechvar e sobre como uma cerveja mesmo amarga pode ser leve e refrescante. Então a Uniland nos convidou para um evento especial no Consulado da Republica Tcheca: o lançamento no Brasil da Czechvar em barril!

A versão chopp da Czechvar traz o amargor residual persistente do lúpulo Saaz e o agradável aroma de malte tcheco. De sabor leve, talvez resultado da maçã em sua fermentação, é uma bebida muito refrescante que combina muito bem com o clima tropical do Brasil. Com a proposta de agradar os paladares dos consumidores mais exigentes, a Czechvar harmoniza muito bem com petiscos, refeições leves como saladas, peixes, grelhados ou queijos frescos.

Eu acrescentaria uma pitada de pimenta para realçar a refrescância natural do chopp, que deve ser consumido com um denso colarinho e estupidamente gelado.


Quem quiser conferir chopes Czechvar, vai no The Ale House Pub e Empório Alto dos Pinheiros em São Paulo, Grannies Pub em Campinas e Empório Biergarten em Ribeirão Preto.

Na zdraví!


terça-feira, 19 de março de 2013

Aussie St. Patrick's Day

Que a Austrália - Perth mais especificamente - não era o paraíso da nightlife eu já sabia. Mas confesso que, mesmo com a mudança de vida, isso me faz uma falta incontestável.

Domingo, St. Patrick's Day especial por diversos motivos: o primeiro na Austrália, o primeiro (de todo o sempre) trabalhando com o líquido sagrado e aquele que comemorava um ano com o agora marido. Nos conhecemos no último stop do tour do ano passado.

Atualizando e voltando um pouco, estou trabalhando numa cervejaria, coisa que conto mais pra frente. Ainda é começo, mas o progresso virá "sooner or later"! Então metade do domingo lá estava eu, com tiarinhas de St. Patrick's correndo pra lá e pra cá. O click-click das anteninhas está na minha cabeça até agora...

Depois de um longo dia, enfrentei o cansaço e até os housemates que não sairiam de casa aqueeeela hora - oito da noite! - nem pensar, e fomos eu e o marido para o Moon & Sixpence, um dos tradicionais pubs irlandeses em Perth (que conta com 4 mais precisamente). No centro da cidade, chegando por volta das nove da noite, a rua quase deserta. Sério.

Ao chegar lá, não tinha mais chapéu divertido, não tinha mais camiseta da Guinness, nada! Uma Guinness Pie e duas pints de Guinness, jogar conversa fora e curtir a noite quente da cidade. Foi o que nos restou.

E quer saber? Delícia! Mesmo abrindo mão da noite agitada, da correria do tour, das danças, saia xadrez, nariz verde... foi gostoso dividir uma paixão com outra.



Mudanças da vida. A única coisa que não muda foi o patrocínio Guinness da noite!

Cheers!

sexta-feira, 8 de março de 2013

Bohemia além da Bohemia

Ainda no fuso brasileiro, é de brasileira que falo hoje. A Bohemia Confraria, post que fiquei devendo desde a Experiência Cervejeira Bohemia, onde fui apresentada oficialmente à ela (sim, já a conhecia, mas superficialmente).

A Bohemia vai além da Pilsen Premium que pedimos no bar quando queremos algo mais top na cerveja com os amigos. Ela tem uma família de mais três lindas representantes: a Bohemia Escura, a Bohemia Weiss e a Bohemia Confraria. 

A última, uma receita especial, criada na idade média pelos monges belgas, que foi resgatada e aperfeiçoada pela Bohemia. É uma cerveja feita com lúpulo importado, de tipo Abadia, mais forte e encorpada, com um aroma frutado e cítrico, seu corpo de cor âmbar e sabor intenso, mas doce. Traz também um ABV bem elevado para a família, de 6.2%. Sua fabricação é inspirada no processo artesanal dos monges da Idade Média. A cerveja Bohemia Confraria é elaborada com lúpulo importado adicionado à aveia em sua receita. Essa fórmula lhe confere o sabor e o aroma frutado e cítrico característicos das cervejas de abadia. A Bohemia Confraria combina muito bem com aperitivos frios e defumados, frutos do mar, carnes marinadas, fondues, ervas, molhos agridoces e queijos fortes.


No apelo visual, uma garrafa diferenciada, que dá um efeito de cerâmica, artesanal. Combinada à taça Confraria, comprada na pequena loja de Souvenirs, que deixa a obra ainda mais bonita, é uma cerveja sem erro, ótima para o começo da noite, fim do dia ou apenas para acompanhar um petisco ou momento, quando quer que seja.

Saúde!

domingo, 24 de fevereiro de 2013

And The Oscar goes to...

Enquanto eu fico aqui, assistindo, escolhendo as melhores das melhores - cervejas - a Sociedade da Cerveja me delicia...


quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Experiência Cervejeira Bohemia



A ponte Rio-SP nunca foi tão rápida. Pra quem está acostumada a levar mais de uma hora pra chegar em qualquer ponto de São Paulo, estar em Petrópolis, a quase 500km de casa, mesmo com o atraso do voo, antes do meio-dia, é até extasiante.

Por que Petrópolis? Porque é ela que está a fábrica da Cerveja Bohemia, e é lá que conhecemos a Experiência Cervejeira, num museu que, mais que Bohemia, fala da história da cerveja no Brasil. Patrocínio Ambev, meu querido! Devo falar que, ao lado da Yumi do Eu Bebo Sim e da Pollyana, da assessoria da Ambev, não tinha muita mulher no meio da machaiada cervejeira. Tudo bem, eu nunca disse que homem não sabe de cerveja, e eu aprendi um monte de coisa boa! 


Passando pela história, tipos de cerveja, onde um corredor e uma animação interativa muito bem feita mostra todos os tipos de cerveja. Tá, falta um ou outro, mas nota quem manja até demais. Outra tela mostra as grandes marcas de grande parte do mundo, num mapa onde podemos escolher país por país. Esta fase da experiência termina na Praça Koblenz, uma homenagem à cidade de Petrópolis, que leva o nome da praça localizada em frente à Cervejaria, fundada em 1845 pelos primeiros colonos  alemães que chegaram à cidade de Petrópolis.
E vamos à Bohemia. Mais uma brasileira na lista das perfeitas, foi a primeira cerveja pilsen caracterizada como Premium nas mesas de bar. Aquela que é a perfeita "cola social", como chamamos as loiras da mesa do bar, que só quando estamos bem, formados ou já estabilizados podemos coloca-la aos montes à mesa. Sim, porque quem nunca se contentou com qualquer cerveja nas festas de faculdade ou nas "aulas vagas" (cabuladas) nos bares nos arredores da faculdade ou trabalho?

A produção, história e segredos da Bohemia são divididos nas Sala do Mestre, Sala dos Ingredientes (mastigar cevada é obrigatório em qualquer visita em cervejarias), Alquimia e Transformação, onde tomamos um Chope Bohemia exclusivo, vindo direto da produção (fato: não há chope de Bohemia fora de Petrópolis), o Ritual, onde duas mulheres nos mostram o ritual para tomar uma Bohemia - a escolhida foi a Confraria, receita especial que falarei no próximo post (sempre evitando o detalhamento de Cinquenta Tons de Cinza nos posts). 




Depois de dois copos de cerveja, um estúdio interativo, com fotos, jogos e quiz. Meus olhos brilharam quando vi uma rotuladora para personalizar uma garrafa de Mulheres e Cerveja, mas para minha frustração, não estava em funcionamento. Fiquei com isso meio entalado, odeio ilusões... Vão me fazer voltar né?! 


Ainda, a Vila Bohemia, onde vimos a real produção da cerveja, com as garrafas na pressa de serem preenchidas, rotuladas, encaixotadas e encaminhadas para as lojas, mercados, empórios e bocas sedentas. Finalizamos o dia no Boteco, com comidinhas de boteco sensacionais regadas à Bohemia Pilsen e mais um pouco da Bohemia Confraria. De souvenirs, ainda peca um pouco. Segundo o Ricardo Amorim, Gerente de Comunicação da Ambev, o projeto ainda está em expansão, e tão logo o restaurante se estruturar e crescer, uma loja de souvenirs de peso acompanhará a finalização da visita. Tomara, porque pra mim, souvenirs são parte importante de uma visita. Meu cartão de crédito sabe o quanto posso gastar estando extasiada pelo líquido dourado sagrado!


Enfim, de volta pra casa, lembranças na bolsa, na câmera e na memória, agradeço o convite, indico a visita e confesso que fiquei SÓ mais um pouquinho apaixonada por cerveja, orgulhosa por ver a qualidade de uma produção genuinamente nacional.

SAÚDE!

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Cerveja com tequila

Ontem foi um tenso no trabalho. Tenso não, irritante. Mas nem me prolongo muito nisso porque todo mundo tem um alguém no trabalho que te faz um dia pensar em entrar atirando, bem a la Dia de Fúria. Um dia daqueles que você pensa: tudo que eu quero é chegar em casa e tomar uma cerveja. Parece coisa de homem, mas pra equilibrar, tomar uma cerveja assistindo O Diário de Bridget Jones. Pronto, mulherzinha.

Tenho sempre no porta latas da geladeira algumas latinhas providenciais, mas por sorte – ou coincidência -  tinha deixado uma nova aposta na porta da geladeira, comprada um dia antes. Uma amiga sempre me arrasta ao Empório Santa Maria quando quer presentear o namorado com algum rótulo, e eu tinha visto no mesmo dia algum post que falava da Desperados, cerveja com tequila - que eu tinha conhecido em Ibiza (bons tempos aqueles...), e eis que esta curiosidade bateu. Ainda tendendo a me encantar com rótulos, talvez pelo fato de ter a publicidade no sangue, a Tequieros chamou minha atenção.

Que tequila com limão é bom a gente sabe. Que cerveja com tequila é bom a gente também sabe, e tem até mil drinks trabalhados nesta vertente. Mas cerveja com tequila e um quê de limão...A linha tênue que divide o bom e o ruim. Confesso que para o momento, gelada, azedinha e refrescante, eu adorei, sorri, me acalmei. Acompanhei com pipoca e chocolate por um distúrbio psicológico e excesso de ansiedade, mas sei que, como cerveja, como sagrada, tsctsc... Não vira.

A Tequieros é uma fruitbeer da cervejaria francesa Gayant, cervejaria familiar independente desde 1919, que foi pioneira em novos estilos de fabricação, de cerveja sem álcool até a mais forte cerveja francesa, a Bière du Demon, com 12% de álcool. Hoje a Gayant tem 27% do mercado especial de cervejas na França. A cerveja tem uma espuma média – mesmo com a brincadeira feita com o copo servido (e sim, eu faço piada mesmo estando sozinha), tem um corpo bem amarelo, lembrando uma pilsen, de corpo leve, um pouco aguada, aroma de grãos e forte presença do lúpulo. No sabor, levemente doce e amarga, tudo ao mesmo tempo, mantendo o gosto da tequila e a presença do limão até o fim. Pra ser sincera parece as Ices moderninhas, com sabores inusitados. Tem um ABV considerável, 5.6% na garrafa de 330ml. Vale pra matar a curiosidade, mas nunca para colocar na lista da cerveja perfeita.

Mas confesso que gostei, me diverti e ficava repetindo o nome da cerveja talqual um pônei maldito. Mas isso foi um momento inusitado, precisava mesmo de algo mimimi pra revitalizar o dia.

Hoje eu vou de cerveja de gente grande, é sexta-feira.

Te quiero!

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Cerveja orgásmica. Só que não.

Confesso que fiquei entre curiosa e excitada com o rótulo dela. Porque eu também confesso que muitas das cervejas que escolho, escolho pelo rótulo, salvo exceções de presentes e indicações.

Mas também confesso que nela só o nome é perfeito: Rogue OREgasmic Ale. Quase perfeito, porque percebi que o ORE faz alusão à Oregan, o estado de produção da Rogue. Produção esta aliás que faz parte do Projeto Chatoe. Mas falemos da Rogue antes.

A Rogue começou em 1988, em Ashland, Oregon, EUA, como uma “homebrew”, ou seja, pequena e simpática fábrica de cerveja artesanal que vendia no seu próprio pub, com 60 lugares. O lugar foi ficando pequeno e, na busca por um lugar perfeito, Jack, o criador, encontrou em Newport o lugar ideal para aumentar sua produção. Desde então, a Rogue é conhecida mundo afora pelos seus ingredientes nada em seus cerca de 40 rótulos, como bacon, pimenta, pétalas de rosas, mel... bom, já falamos antes aqui.
Já o projeto Chatoe faz parte de um forte movimento nos Estados Unidos chamado "Grow Your Own Food", ou seja, cultive seu próprio alimento. A Rogue então cuida de todos os processos da fabricação da cerveja, desde o plantio e cultivação dos ingredientes até a produção do líquido sagrado (sim, sagrado!). Indiretamente trouxe ainda um conceito muito difundido no meio do vinho para a cerveja: o terroir. Com maltes e lúpulos locais, a linha Chatoe é absolutamente vinculada ao solo e ao clima do Oregon. Isso vale especialmente para os lúpulos produzidos no Vale do Willamette, únicos no mundo. Ou seja, todos os insumos são locais, o que faz desta cerveja um tanto territorialista. Daí eu entendo o excesso de presunção no rótulo.

Então a cerveja. A OREgasmic Ale tem uma coloração âmbar com espuma bege, bem turva, no aroma o caramelo e no sabor a fortíssima presença do lúpulo com notas cítricas e herbais. E mais lúpulo. E um final seco e amargo. E um erro: logo depois de comer os pãeszinhos de sal grosso e alecrim da mesa, o retrogosto desta Ale se tornou mais seco e amargo. A alta cabornatação faz com que a cerveja dê uma enroscada na hora de descer. Uma American Pale Ale carregada no amargor e na pretensão.

Um rótulo que criou mais expectativa do que era possível suprir. E um rótulo nem tão barato, R$37,00 pelos 650ml.

Esta é a hora que a gente foge do inusitado e volta para o tradicional, para não perder a oportunidade de ter uma perfeita à mesa. Fui de Hoerggaden na sequencia para recolocar o sorriso no rosto.