sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Cerveja com tequila

Ontem foi um tenso no trabalho. Tenso não, irritante. Mas nem me prolongo muito nisso porque todo mundo tem um alguém no trabalho que te faz um dia pensar em entrar atirando, bem a la Dia de Fúria. Um dia daqueles que você pensa: tudo que eu quero é chegar em casa e tomar uma cerveja. Parece coisa de homem, mas pra equilibrar, tomar uma cerveja assistindo O Diário de Bridget Jones. Pronto, mulherzinha.

Tenho sempre no porta latas da geladeira algumas latinhas providenciais, mas por sorte – ou coincidência -  tinha deixado uma nova aposta na porta da geladeira, comprada um dia antes. Uma amiga sempre me arrasta ao Empório Santa Maria quando quer presentear o namorado com algum rótulo, e eu tinha visto no mesmo dia algum post que falava da Desperados, cerveja com tequila - que eu tinha conhecido em Ibiza (bons tempos aqueles...), e eis que esta curiosidade bateu. Ainda tendendo a me encantar com rótulos, talvez pelo fato de ter a publicidade no sangue, a Tequieros chamou minha atenção.

Que tequila com limão é bom a gente sabe. Que cerveja com tequila é bom a gente também sabe, e tem até mil drinks trabalhados nesta vertente. Mas cerveja com tequila e um quê de limão...A linha tênue que divide o bom e o ruim. Confesso que para o momento, gelada, azedinha e refrescante, eu adorei, sorri, me acalmei. Acompanhei com pipoca e chocolate por um distúrbio psicológico e excesso de ansiedade, mas sei que, como cerveja, como sagrada, tsctsc... Não vira.

A Tequieros é uma fruitbeer da cervejaria francesa Gayant, cervejaria familiar independente desde 1919, que foi pioneira em novos estilos de fabricação, de cerveja sem álcool até a mais forte cerveja francesa, a Bière du Demon, com 12% de álcool. Hoje a Gayant tem 27% do mercado especial de cervejas na França. A cerveja tem uma espuma média – mesmo com a brincadeira feita com o copo servido (e sim, eu faço piada mesmo estando sozinha), tem um corpo bem amarelo, lembrando uma pilsen, de corpo leve, um pouco aguada, aroma de grãos e forte presença do lúpulo. No sabor, levemente doce e amarga, tudo ao mesmo tempo, mantendo o gosto da tequila e a presença do limão até o fim. Pra ser sincera parece as Ices moderninhas, com sabores inusitados. Tem um ABV considerável, 5.6% na garrafa de 330ml. Vale pra matar a curiosidade, mas nunca para colocar na lista da cerveja perfeita.

Mas confesso que gostei, me diverti e ficava repetindo o nome da cerveja talqual um pônei maldito. Mas isso foi um momento inusitado, precisava mesmo de algo mimimi pra revitalizar o dia.

Hoje eu vou de cerveja de gente grande, é sexta-feira.

Te quiero!

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Cerveja orgásmica. Só que não.

Confesso que fiquei entre curiosa e excitada com o rótulo dela. Porque eu também confesso que muitas das cervejas que escolho, escolho pelo rótulo, salvo exceções de presentes e indicações.

Mas também confesso que nela só o nome é perfeito: Rogue OREgasmic Ale. Quase perfeito, porque percebi que o ORE faz alusão à Oregan, o estado de produção da Rogue. Produção esta aliás que faz parte do Projeto Chatoe. Mas falemos da Rogue antes.

A Rogue começou em 1988, em Ashland, Oregon, EUA, como uma “homebrew”, ou seja, pequena e simpática fábrica de cerveja artesanal que vendia no seu próprio pub, com 60 lugares. O lugar foi ficando pequeno e, na busca por um lugar perfeito, Jack, o criador, encontrou em Newport o lugar ideal para aumentar sua produção. Desde então, a Rogue é conhecida mundo afora pelos seus ingredientes nada em seus cerca de 40 rótulos, como bacon, pimenta, pétalas de rosas, mel... bom, já falamos antes aqui.
Já o projeto Chatoe faz parte de um forte movimento nos Estados Unidos chamado "Grow Your Own Food", ou seja, cultive seu próprio alimento. A Rogue então cuida de todos os processos da fabricação da cerveja, desde o plantio e cultivação dos ingredientes até a produção do líquido sagrado (sim, sagrado!). Indiretamente trouxe ainda um conceito muito difundido no meio do vinho para a cerveja: o terroir. Com maltes e lúpulos locais, a linha Chatoe é absolutamente vinculada ao solo e ao clima do Oregon. Isso vale especialmente para os lúpulos produzidos no Vale do Willamette, únicos no mundo. Ou seja, todos os insumos são locais, o que faz desta cerveja um tanto territorialista. Daí eu entendo o excesso de presunção no rótulo.

Então a cerveja. A OREgasmic Ale tem uma coloração âmbar com espuma bege, bem turva, no aroma o caramelo e no sabor a fortíssima presença do lúpulo com notas cítricas e herbais. E mais lúpulo. E um final seco e amargo. E um erro: logo depois de comer os pãeszinhos de sal grosso e alecrim da mesa, o retrogosto desta Ale se tornou mais seco e amargo. A alta cabornatação faz com que a cerveja dê uma enroscada na hora de descer. Uma American Pale Ale carregada no amargor e na pretensão.

Um rótulo que criou mais expectativa do que era possível suprir. E um rótulo nem tão barato, R$37,00 pelos 650ml.

Esta é a hora que a gente foge do inusitado e volta para o tradicional, para não perder a oportunidade de ter uma perfeita à mesa. Fui de Hoerggaden na sequencia para recolocar o sorriso no rosto.