quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Catarina no país das maravilhas (Carlton & United Breweries)

Parece que foi ontem que escrevi por aqui pela última vez... então percebo que na realidade faz meses. Da série coisas da vida que pareciam mais fáceis na minha cabeça, manter o blog lá do outro lado mundo não deu muito certo. Outra coisa que parecia mais fácil era voltar a morar fora. A saudade desta vez bateu muito forte e não resisti, voltei para o Brasil. Na bagagem, mais experiência, alguns calos e boas cervejas.

Mas a Austrália deixou boas memórias. E uma das melhores foi a visita à Carlton Brewery, maior e mais famosa cervejaria da Austrália. Por um momento pensei em largar tudo e fazer um curso de Brewing nos arredores de Melbourne, mas a razão falou mais alto. Por isso a estada em Melbourne durou somente 4 dias, intensos e inesquecíveis.

A Carlton & United Breweries é uma cervejaria australiana fundada em 1850, sua fábrica fica próximo ao gostoso bairro de Richmond, em Melbourne, Victoria. É a maior cervejaria, produzindo muitas das bebidas de maior sucesso da Austrália, incluindo a best-seller Victoria Bitter, que falo mais abaixo. Outras de suas obras-primas são a conhecidas linhagem das Carlton: Draught, Dry, Cold, Midstrengh e Black, Melbourne Bitter, Crown Lager, Pure Blonde, Fosters e a sidra Strongbow, famosa por ali!

Pé ante pé, vamos falar destas famosas perfeitinhas "aussies", que mais que uma cerveja perfeita, me proporcionaram um dia perfeito. Pra começar que a visita foi feita bem à Brasileira, de última hora. Isso porque a visita teria que ser agora, tipo ao meio dia, e teria quinze minutos para chegar lá. No meu cronograma de viagem a Carlton era só no último dia, mas quando liguei pra agendar descobri que estaria fechada. A guia, típica australiana simpática a amável (sério, adoro!) prometeu que o grupo me esperaria chegar. Bolsa, câmera, celular, café e táxi!!! Ao cruzar o portão, me chamaram pelo nome e me guiaram ao grupo. "Are you the brazilian who write about us?"
"Y-yeah", disse, um misto de orgulho e vergonha por ser mais uma brasileira atrasada...


Da linha Carlton, comecemos pela Draught, a mais tradicional dos australianos bêbados. Uma Lager suave, de corpo dourado e sabor encorpado, marcado pelo lúpulo, que lhe dá um final ligeiramente seco. A Carlton Draught é a mais conhecida nos "barbies", os assim chamados churrascos aussies.

A Carlton Dry é assim chamada por ter seu açúcar removido no processo de fermentação num período de tempo mais prolongado, e na matemática cervejeira, menos açúcar é igual a menos carboidratos. Além disso, seu teor alcoólico também é reduzido, 4.2%.

Carlton Cold é a Antarticta Sub-zero australiana. Sem mais. 

A Carlton Mid é feita através de uma combinação de 4 diferentes tipos de lúpulo, que a deixa personalizada, além de um sabor maltado mais característico que traz um equilíbrio entre o amargor e a leveza. Leve aliás também no ABV, de 3.5%. 

A Carlton Black é a Ale da família, num sabor frutado que combina com o malte torrado em tambores especiais. Esta Ale de tons rubis me lembra a paixão de Melbourne por café (lá eu tomei os melhores cafés da minha vida), já que em seu aroma podemos até sentir um tradicional Mocha aussie. Favorita do time!


Já a Victoria Bitter, ou VB, é umas das cervejas mais vendidas na Austrália. Esta cerveja inclusive me chama a atenção por ter o mesmo padrão de servir dos Brasileiros: estupidamente gelada, o que não vemos pelo resto do mundo. Talvez o clima da Austrália ajude um pouco nisso... A VB é intensa, forte, de aroma frutado e sabor amargo do lúpulo no final, balanceado pelo malte doce e suave. Na realidade bem menos amarga que o nome traz.

A Melbourne Bitter foi minha primeira cerveja na cidade, aliás duas. Foi me dada por um amigo que duvidou do meu paladar por Bitters. Os "Melbournianos" são muito regionalistas, logo têm a cerveja que leva o nome da cidade. Mais robusta, intensa e amarga, de corpo mais escuro e espuma bege, manda muito bem!

Crown Lager, conhecida intimamente como "Crownie", é a cerveja da turma que tem uma história complicada. Foi originalmente produzida em 1919 como "Foster Crown Lager ", inicialmente disponível apenas para as personalidades britânicas que visitaram a Austrália. Durante a primeira visita real da rainha Elizabeth II para a Austrália em 1954, Carlton & United Breweries fez o lançamento oficial nesta ocasião como então Crown Lager. Só que essa história até hoje está em discussão, já que dizem que a Foster Crown Lager já era fabricada antes de 1919 e que era amplamente disponível para o público antes de 1954. Enfim... Sua garrafa tem forma exclusiva com seu logotipo cravado, e está no mercado como uma cerveja premium. Como tal, formou uma associação com a Golf Austrália para criar o Crown Lager Social Golf Club. Chique, quem joga golfe é chique. No sabor, só difere das outras lager comerciais por se um pouco mais forte. Sim, Original.

Pure Blonde, cerveja mais leve, baixo amargor, tem 70% menos carboidratos que as comuns e com uma espuma bem rarefeita. Achei normal demais, nada que me fizesse falar que é uma puta cerveja, mas é gostosa, não é sem gosto como as lights por aí. Na realidade, mais uma das lagers da família... dá pra ver de longe que não é minha favorita né!?

Fosters, a minha primeira australiana da vida, que vendia no pub em Londres lá no passado, é a lager comercial, douradinha, leve, gelada e cristalina. Equilibrada no amargor, espuma branca, pode dizer que desce redonda? Sua única e principal característica é que é feita com um levedo diferenciado das outras. É a aussie mais vendida no mundo.

A cervejaria ainda produz outras cervejas do mundo, como uma "filial". O ponto alto da visita foi subir até o topo da produção, numa temperatura interna de mais de 50 graus. A vista de cima dos grandes barris de fermentação é sensacional. Deu até vontade de ficar por ali se não fosse o próximo passo: a degustação.


Depois, coisa óbvia, compra de souvenirs. Porém este tempo na Austrália fechou um pouco minha mão, embora tenha saído de lá com o melhor dos souvenirs de todas as visitas à fabricas da vida:



Assim, o sonho australiano chega ao fim, a vida no Brasil volta aos poucos ao normal. Não foi fácil viver tão longe, largar tanta coisa. Desistir de tudo foi ainda mais difícil, mas puder resgatar o que tenho de melhor da vida: o sorriso do rosto! E, ainda, descobrir algo que, no fim, eu já sabia: A cerveja perfeita não mora na Austrália!

Cheers. MATE!