sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Eu sou Gordelícia!

Ok, muita gente pode não concordar, mas sou sim uma Gordelícia. Mesmo não estando na minha pior forma, nunca me sentirei magra. Aliás, tirando a minha mãe, acho que mulher nenhuma se sente, né?

O fato é que sempre levantei a bandeira de que mulher é magra pras outras mulheres, que homem gosta é de ter onde pegar, onde apertar. Sempre defendi a “teoria da picanha”...

Teoria da picanha é que devemos todas ser uma carne nobre. Todo homem adora picanha, o melhor corte da carne. Alguns gostam da picanha com a gordura, dizem até que dá mais sabor à carne. Outros, mais fit, retiram a camada de gordura. Dizem que mata! O importante aqui é sempre focar o público-alvo. O foco é nos que querem mais sabor e menos mimimi. Meu público nunca foi o mundo fitness. Nunca tive vergonha de mostrar – a sós - minhas pequenas saliências. Porque existe espaço pra todas, o importante é sempre ser uma carne nobre.

Mas aqui falamos de... cerveja! E todo homem que gosta de uma boa picanha gosta de uma boa cerveja.

Sim, eu sou Gordelícia. Sou Urbana na realidade. A Urbana é uma cervejaria paulista, metropolitana, do Jabaquara. E criativa, muito criativa. À sua frente o mestre-cervejeiro André Leme, que tem as criações de rótulos pouco convencionais, de desenho criativo e receitas inovadoras. A Gordelícia é o carro-chefe da cervejaria, que ainda conta com rótulos como Refrescadô de Safadeza, Boo!, Trem Bão, La Sorciere, Sporro, Piscadinha e o último lançamento, a Prima Pode. Posso afirmar – tentando ser imparcial - que todas são perfeitas. Cada um no seu quesito: tem a do meu rótulo favorito, tem a da minha receita favorita, a do nome favorito, a que eu vendo mais.... E tem a Gordelícia, que é de tudo um pouco.

Esta gordinha seduz. Seduziu até o homem que não gostava de cerveja, que busca proteína e passa a noite regado à energético. Encontrou nela proteína e energia. Intensa, encorpada, doce. Uma cerveja com todos os atributos femininos, que passeia na boca, que revela sabores. Das frutas tropicais brasileiras à levedura belga, ela percorre cada cantinho da boca. Seu aroma? Perfume, não aroma. A cor? Clássica. A espuma? Marcante. O alcool? Presente e para derrubar os que não estiverem preparados para seu golpe de perna: 7.5% de abv. Uma Belgian Strong Golden Ale, de cor amarelo-palha, tem adição de malte de trigo e cereais flocados, trazendo corpo e volume. No aroma, cravo e banana. No sabor, baixo amargor, textura de pele macia – esta gordinha usa monange! – com um final adocicado.

Perfeita. Pra comprar, pra vender, pra beber, pra presentear e até mesmo pra seduzir. De mulher pra mulher.

sexta-feira, 14 de novembro de 2014

Branca de Neve, com cravo e canela!

Que eu sou uma mulher de muitas fases todos sabem. De roupas a perfumes, eu cismo com cores, sabores, músicas... e cervejas! Há pouco tempo estava numa fase witbier. Comprando Hoergaaden no Pão de Açúcar e Wäls Witte no Delirium, fiquei quase um mês presa na cerveja branca de toque cítrico. Tudo começou com a perfeitíssima Blanche Neige, que é de quem falo hoje. Sim, já adiantei: ela é perfeita.

Naquele mesmo jantar harmonizado do “top sundae”, a provei pela primeira vez, e confesso, algumas vezes depois. (E de tão inebriada, fui além na linha e, audaciosa, um bolo de aniversário foi feito. Mas esta é outra história. Escrevo sobre isso logo mais.)

Estamos falando da Dieu du Ciel!. Assim mesmo, com exclamação. Micro-cervejaria canadense, de Quebec, de receitas originais e, repetindo a palavra, audaciosas.  A cervejaria artesanal foi inaugurada em 1998 por Jean-François Gravel, que acredita fortemente em cervejas que levam ao caminho da inovação e caráter. Com receitas interessantes, por exemplo a híbrida imperial Stout/Saison colaborativa com a Shiga Kougen no Japão, ou a sua Rosée d'hibiscus, uma cerveja rosa/laranja de trigo fermentada com flores de hibisco, vemos que a Dieu du Cieu! não têm medo, é ousada e interessante. Muito interessante. É considerada a cervejaria número 1 do Canadá e hoje a 13º melhor do mundo. Tudo porque dentre as mais de 12.000 cervejarias cadastradas no site RateBeer, a Dieu du Ciel! foi eleita entre as 15 melhores do mundo em 2013. Ainda, no top 50 de cervejas canadenses feito pelo mesmo site, aparece 11 vezes, ou seja, é um grande nome no mercado mundial de cervejas. Três de suas cervejas têm nota 100/100 no site – que é um dos portais de referência no mundo cervejeiro.

E eu comecei – a beber e escrever – com a perfeita e exótica Blanche Neige (Branca de Neve). Uma Imperial Witbier que, além das clássicas sementes de coentro e cascas de laranja características do estilo, têm adição de especiarias. É produzida apenas uma vez ao ano, para aquecer – e aquece, com seus 8,3% ABV – os meses de inverno canadense. Foge do típico, tirando espaço do tradicional sabor do trigo e cítrico abrindo espaço para uma explosão de... festa junina! Desculpem-me os cervejeiros clássicos, mas foi esta mesmo a emoção. O alto teor alcóolico e os aromas marcantes de cravo e canela me levaram direto para sentar ao lado da fogueira tomando algo muito melhor que quentão.
 De cor amarela forte e viva, com espuma boa e branquinha, a Blanche Neige domina o copo com seu aroma de cravo, canela, notas cítricas doces e um frutado intenso de pêssego. No sabor, malte e um “azedinho” proveniente das leveduras, então um sabor seco e levemente salgado – típico da witbier – contrasta com o aroma doce e fecha o paladar, com um levíssimo amargor e um quê picante que incita o próximo gole. Deixa um retrogosto doce, cravo e canela ainda dominando a cena mas com a sedução do álcool. Quem está com água na boca?

Cerveja de inverno, rótulo de inverno, tomada no meio de uma primavera que trouxe uma noite fria e perfeita para que a Blanche Neige entrasse no hall das minhas perfeitas. Ao lado de uma Belga, de uma Escocesa e de uma Brasileira, esta Canadense hoje se exibe pretensiosa e cheia de charme neste hall da fama da Catarina.


Santé!