terça-feira, 17 de março de 2015

Pela simplicidade de São Patrício


St. Patrick's Day há muito não é novidade. E hoje me peguei numa retrospectiva, daquelas de nos deixar viajando, durante minutos a fio com cara de bobo. 

Vivo o St. Patrick's Day há exatos 6 anos, desde o primeiro, em Londres, onde fiz AQUELE pub crawl, com 14 pubs e muitas pints. Em 2011, com o nascimento do Mulheres e Cerveja, camisetas, posts, barulho. Em 2012 mais um tour, mas em SP, que terminou numa fatídica festa - e talvez este tenha sido o mais incrível de todos. Então, a vida sacole
jou e eu passei 2013 trabalhando e conseguindo, por fim , uma pint de Guinness no fim de um domingo quente e cansativo na Austrália. Ano passado, comemorei mais que o St. Patricks, era um aniversário em plena segunda-feira.

E este ano... sem expectativas, sem celebração planejada, vendo o mercado cervejeiro se ouriçando pela inserção de corante na cerveja. Depois de muitos anos sorrindo por São Patrício, hoje meu ponto de vista é no mercado, nas cervejas artesanais - embora esteja sim hoje vestida de verde com meu AMADO suspensório da Heineken. Pensei em tantas cervejas boas para se escrever - as novas Fio Terra e Trimiliqui, da Urbana, que finalmente chegaram no mercado, a linda da Yba-la, Green Cow, Holy Cow, as zilhões de lançadas e premiadas no festival semana passada...

Mas sabe... acho que existe um determinado momento que só queremos tomar uma cerveja e celebrar. Sem "sommelierie". Pensei no barulho que o filme da Budweiser no final do Superbowl fez e quantos beerlovers se sentiram intimamente magoados. Seguindo esta linha, fui em todos os momentos que achei que fosse entendida no assunto da cerveja por aqui. Pensei na Duff verde que tomei em 2012 e achei o máximo do incrível. Pensei na minha primeira Rauchbier tomada no O'Malleys em 2011, num copo descartável. Pensei na Proibida, que provei em 2012 e escrevi aqui, e hoje relendo até pensei em apagar, mas achei honesto mostrar que falta de conhecimento não é vergonha - e ainda semana passada defendi a Proibida num grupo do facebook, usando os argumentos da minha primeira aula de Sommelier: não existe cerveja ruim. Passo o ano enchendo a boca pra falar que não vendo Guinness - mas "pera", tenho um ponto de vista, adoro Guinness! - e hoje eu PRECISO de uma pint perfeitamente tirada. Passei meus últimos meses dizendo "lightstruck" com conhecimento de causa e hoje me visto de Heineken, uma das marcas que mais admiro no mercado cervejeiro.

Cerveja é paixão doente, quase um time de futebol. Os amantes de cerveja, que caem na armadilha do mercado das cervejas "especiais", se tornam engessados. E hoje eu elegi o St. Patrick's Day como o "Dia de tomar cerveja e só". Quero quebrar isso em mim mesmo, me libertar da amarra da Sommelier e apenas viver a marca que este dia se tornou. Claro que quero cerveja boa, mas hoje eu prometo não escolher, não argumentar, não seguir o padrão de avaliação cor-aroma-sabor-corpo. Hoje eu vou tomar cerveja PERFEITA, dançar, me divertir, ouvir música, comer, sair, o que for, mas hei de terminar a noite dizendo: As coisas boas vêm para aqueles que esperam!

E quem sabe amanhã volto a ser a velha mulher que acha que entende de cerveja, que diz que mantem um blog, e que promete todos os dias escrever sobre esta ou aquela perfeita, mas que anda mais trabalhando com cerveja do que para a cerveja. ;)

Cheers! De verde!