domingo, 25 de dezembro de 2011

Então é Natal! (Aleluia...)

Depois de muito tempo consegui entender o verdadeiro espírito do Natal. Consegui unir meu lado infantil, que adora as decorações, tem fascínio por árvore de natal, come quilos de panetone compulsivamente e adora dar - e receber - presentes com o perfil da Catarina, que de vinhos natalinos e champagnes passou a provar e conhecer as cervejas especiais da época.

Já na semana passada, em uma visita ao Empório Alto dos Pinheiros, pude começar as degustações festivas natalinas, com a Delirium Noel. Vale lembrar que, nas terras de produção das cervejas especiais de Natal, o clima é outro. O hemisfério norte goza do frio do inverno, flocos de neve dão o toque blasé do Natal do Papai Noel, que se protege então com sua barba, gorro, casaco e botinas. (Pausa para uma oração tipicamente natalina por todos os papais noéis de Shopping brasileiros, que derretem durante o mês de festividades no nosso típico clima de verão)

A Delirium Noel (na realidade, Delirium Noël, assim, com trema, olha que gostoso!) é uma Strong Dark Ale, forte como o nome diz, mas com um toque azedinho de frutas vermelhas, bem leve e encoberto pelo amargor do lúpulo e o caramelo torrado. Ainda, um tanto condimentada. Uma belga que traz a sensação de Nostalgia – e que me encaminha para ter provado todas da família Delirium. Cerveja de alto teor alcoolico como toda Delirium, tem 10% de ABV.

Acompanhando a ceia de Natal, logo após a meia noite, um suculento prato de inúmeros itens natalinos, com passas e castanhas mil, uma BrewDog especial: a There is no Santa. No rótulo, um texto que traduz o espírito natalino e irônico da cervejaria:
“Hark! A limited edition seasonal stout brewed with cocoa nibs and ginger stems. In the true spirit of Christmas ’cheers’ we at BrewDog have taken it upon ourselves to create a Santas’s little helper for all those battling through the festive season. Our crack team of elves, penguins and red nose raindeer have been crafting, brewing and perfecting this warming winter stout as a reward for all those driven to the brink and back in the name of Noel. Now all you have to do is don that customary yule tide sweater and find a roaring open fire to enjoy it by. In fact this beer is so good, we specifically advise against sharing it with any chimney intruding, night time visitors. Oh and just remember, this BrewDog’s not for life, it’s just for Christmas.”

A cerveja traduz exatamente a sensação que tive no que considero fim da infância, quando descobri que Papai Noel não existia, não era invisível e não tinha dinheiro pra comprar tudo que eu queria. É amarga, o que hoje eu até gosto – na cerveja. Uma Stout bem sazonal, não é aquela cerveja que vou pedir em outra ocasião senão fazer brincadeiras com o nome. Embora seja MUITO boa, tem um quê de irreverente demais. Temperada, com o gengibre (que faz sucesso na temporada) bem denotado, acompanhado de outras especiarias como canela, baunilha e o peso do lúpulo, além do forte sabor do caramelo torrado, como qualquer Stout. Uma espuma tão densa que parece que seca. A farofa adocicada e o tender agradeceram.

Na tarde do domingo de Natal, almoço de família e mais um exemplar sai da geladeira. Aliás, minha família ainda não entende bem pra quê eu paro de comer pra tirar foto e nem com que propósito tem tanta cerveja “estranha” no meu quarto. Enfim... foi a vez da Christmas Porter, também uma BrewDog. Novamente, um texto interessante no corpo da garrafa, em forma de poema:
"An Ode To The christmas Porter:
Hark! The sound of hurried footspteps come
The countdown to Christmas has begun
The hijacked season of joviality
That's more about consumers than cordiality
Yet the Yuletide frenzy wasn't always this way
When a non-nanny state made you work Christmas day
Like the porters of London who toiled by the river
Continuing to graft with hands ass a-shiver
But whenever shift's end did begin to near
The porters would reach for theis namesake beer
So if the numb gnaw of winter has begun to bite
Or the wish lists of some are enough to cause fright
Just pick yourself up a reward as you go
And if you need an excuse, the porter said so." 

A Christmas Porter é uma versão da Alice Porter, que saiu de linha há algum tempo. Uma Porter de espuma densa – mas menos que a There is no santa - com cacau, raspas de laranja, gengibre e pimenta. Sim, pimenta, bem forte, bem sentida, bom colocada no rótulo e que chama atenção: chili. Aliás, o pessoal da BrewDog não para de inventar nas receitas das suas cervejas, que têm como características ser um chute no estômago de tão fortes. Esta dá até aquela travada na boca de tão amarga, tem um final seco, uma queimadinha leve na ponta da língua, o torrado característico das Porters e o chute da BrewDog. O que a faz muito boa!

O Natal acabou com a companhia de amigos em casa, rodeados de Heineken e Stella, e finalizando com aquele licor de cerveja comprado na Eisenbahn na Oktoberfest – o que, claro, vai virar um post. Um Natal agradável, cheio de surpresas, descobertas, presentes (entre eles as BrewDogs acima) e boas risadas. Ah, e muita, muita comida, mérito de Amélia, aquela que cozinha.

Ho ho ho!

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Ah o verão!

Nada como estar de volta à melhor estação do ano. Por mais que dias de inverno me inspirem, me deixem elegante e me façam reviver aquela fase da vida que jamais esquecerei, eu sou uma garota do sol. Céu azul e óculos escuros, aquela sensação gostosa de sair do ar-condicionado e sentir o quente do sol na pele.

E, para falar de verão, a escolha foi um rótulo que está se tornando popular em terras canárias: a Dos Equis (XX). Mexicana, importada pela FEMSA, que pode ser encontrada em alguns bares e restaurante que nem mesmo são de cervejas especiais. Eu mesma a provei em horário de almoço, perto do trabalho, no Boteco Ferraz (onde aliás eu havia pedido uma weissbier, que o garçom veio me servir em um copo baixo de boca larga. Não né...). Produzida pela cervejaria Monctezuma Brewery desde 1897, foi inicialmente nomeada Siglo XX (século vinte) em homenagem ao século que iniciava por seu criador, um imigrante alemão chamado Wilhelm Hasser. Após a chegada do novo século, ela foi renomeada para Dos Equis (ou seja XX).

Uma representante tipicamente latina: uma cerveja lager, muito suave ao paladar e quase nada amarga. Famosa no mercado mexicano e na região do Caribe. Com sabor revigorante e refrescante, a cerveja é leve e possui um agradável sabor de malte. Vou repetir: leve, muito leve. Daquelas que, sem perceber, vão-se inúmeras long necks. Não pesa, não empapuça, dá vontade de mais. E não tem um ABV alto: 4,5% ( o que ainda me impede de dirigir, mas...)

A Dos Equis cumpre o que uma boa cerveja em dia de verão promete: refresca, alegra, dá sabor no dia. Seja dia de praia, de piscina ou até mesmo de trabalho.

Um brinde ao verão!

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Adiante, bela Austrália!

Austrália de costas largas, um azul intenso em seus mares e olhos e um sabor intenso. Austrália de amigos verdadeiros e uma companhia incomparável. Austrália de um sotaque carregado. Grande Austrália...

Sim, em um momento em que me pego perdida em grandes lembranças aussies, me pego provando uma Golden Ale australiana, a James Squire Golden Ale, a primeira cerveja australiana.

A cerveja tem uma história interessante: foi fundada por James Squire, um criminoso condenado por roubo diversas vezes enviado para o “Novo Continente” em 1785. Ele chegou a ser condenado anteriormente a vir para a América, mas serviu ao exército para evitar a punição. Porém, após roubar alguns galos e galinhas de um quintal, foi enquadrado no programa de transporte de presidiários para a Austrália. James é tido como a primeira pessoa a conseguir cultivar lúpulo no país naquela época. Morto em 1822, o funeral de James Squire foi, até então, o maior já realizado na colônia inglesa. Aliás, mais interessante ainda é saber que os presos eram enviados às colônias para povoar a região e para os ingleses se livrarem de criminosos na Inglaterra. Logo, haviam muitos condenados vivendo na Austrália. Novo!

Voltando à James, fundou a cervejaria que até hoje permanece artesanal, mesmo comprada por grandes corporações da região. Mesmo de mais de 200 anos depois, com seu rótulo old fashion com um toque de “feito à mão”, servida em garrafinhas afuniladas de 345ml. Comprada no quiosque da Mr. Beers por módicos R$18,00. A Golden Ale apresenta uma coloração caramelo-alaranjada bonita, âmbar, translúcida e uma espuma densa. Um aroma amadeirado, herbal, fechado, que já denota sua principal característica: o amargor, que impressiona, surpreende. Um lúpulo evidente, porém com um leve adocicado presente, bem característico das cervejas inglesas. Desce seca e maltada, com o final novamente amargo. O que não a faz ruim, de maneira nenhuma – eu gosto das amargas sim, equilibra a vida e remete àquelas lembranças.

É... Austrália de homens, sabores e histórias. Um dia eu escrevo de lá...

Cheers! (com sotaque bem carregado)