sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Blue Moon (now I'm no longer alone)


Sexta-feira de coincidências. É na hora do almoço, coincidentemente regado a cerveja (e que meu chefe não me ouça!) que escuto: “você viu que hoje teremos lua azul?” A conversa cruza. Enquanto uma pergunta o que é lua azul, eu começo a cantarolar alheia à vida real... “blue blue blue moon, you saw me standing alone” . Ninguém deu a resposta da lua azul, e eu continuei divagando... lembrei de uma noite, também regada à cerveja, uma nova amizade, daquelas que surgem do nada e viram pra vida, e búfalo wings num bar em Nova York, na minha primeira viagem a Big Apple... Vieram à minha cabeça a Fernanda, The Marcels, Frank Sinatra, a moça do tempo, o cara de cera do bar e logo depois Neil Armstrong. Quando voltei à mesa, a conversa já tinha mudado de rumo.

Mas na ordem, a lua azul... hoje teremos a segunda lua cheia do mês, a primeira foi dia 2 de agosto. Daí chamamos este fenômeno de Lua Azul. Por que? Porque um sujeito nomeou este fato de maneira errada e o termo ficou. Na realidade, essa expressão existe há pelo menos 400 anos, mas não como sendo a segunda Lua cheia do mês. Este significado nasceu de um erro ocorrido em 1946 e se tornou popular. Embora estranho, a lua já ficou azul de verdade algumas vezes... em 1883, com a erupção do vulcão Krakatoa explodiu na Indonésia, a atmosfera ficou carregada por partículas de poeira que deixaram a Lua azul no mundo todo por quase dois anos. Sempre que há uma grande quantidade de poeira na atmosfera, esse efeito se repete. O mesmo ocorreu em 1927, na Índia, quando uma tempestade depois de uma enorme seca levantou toneladas de poeira na atmosfera. Ou em 1951, quando um enorme incêndio florestal no Canadá lançou uma quantidade de cinzas que deixou a lua azul.

Veio a música moderna e associou este termo à tristeza. Várias músicas usam esta expressão para associar tristeza e solidão, que podemos ver nas músicas de Elvis Presley... Então a expressão se tornou moda, numa febre que deu nome a milhares de restaurantes e mostras de arte no país. Mas a definição de Lua azul de fato aparece em um livro chamado “Almanaque do Fazendeiro do Maine” nas edições anuais entre 1819 e 1962. “Em primeiro lugar considera-se o ano tropical, aquele que começa em um solstício de inverno (mais ou menos no dia 21 de dezembro para o Hemisfério Norte) e vai até o solstício de inverno seguinte. A maioria dos anos tropicais consegue conter 12 Luas cheias, três em cada estação do ano. Cada uma delas tem um nome específico para a atividade humana da época. Ocasionalmente, temos um ano tropical com 13 Luas cheias, o que significa que uma das estações do ano deverá ter quatro delas, ao invés de três. Nesta estação com quatro Luas cheias, a terceira a acontecer é chamada de Lua azul”, diz o almanaque. Daí, em 1946, um astrônomo amador que escrevia para a revista Sky & Telescope nos EUA, em um especial sobre meteoros, resolveu falar sobre Luas azuis. “Em 19 anos, sete vezes aconteceu (e ainda acontece) de haver 13 Luas cheias em um ano. Isto dá 11 meses com uma Lua cheia em cada um e um mês com duas”. Mas concluiu erroneamente: “esta segunda Lua cheia do mês foi chamada de Lua azul.”

E ficamos assim, com a lua azul. E eu, cantarolando “Blue Moon”, logo pensei em cerveja. Foi minha primeira witbier (cerveja branca), com uma suculenta laranja adornado seu copo tulipa. A Blue Moon é da cervejaria homônima baseada em Denver, Colorado, e que foi comprada há cerca de 3 anos pela Coors e virou Molson Coors. Uma Belgian White que leva em sua composição trigo, aveia, coentro e casca de laranja. De coloração âmbar turva, apresenta aromas cítricos (notas de lima e laranja) e sabor pouco amargo, seco, com toques de coentro, sendo muito parecida com a Hoeggarden. Daí a gente nem fala mais nada né? 


A Lua azul desta noite de 31 de agosto é muito especial, com mais coincidências. Aconteceu no mesmo dia do enterro de Neil Armstrong, o primeiro ser humano a dar o primeiro passo na Lua – com o pé esquerdo. Acho válido correr ao primeiro bar/empório e ver a lua cheia no céu - que está fabulosa - erguendo um caprichado copo de Blue Moon e agradecendo à vida!

PS: A inspiração veio do texto do Cássio Barbosa.

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