terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Cerveja orgásmica. Só que não.

Confesso que fiquei entre curiosa e excitada com o rótulo dela. Porque eu também confesso que muitas das cervejas que escolho, escolho pelo rótulo, salvo exceções de presentes e indicações.

Mas também confesso que nela só o nome é perfeito: Rogue OREgasmic Ale. Quase perfeito, porque percebi que o ORE faz alusão à Oregan, o estado de produção da Rogue. Produção esta aliás que faz parte do Projeto Chatoe. Mas falemos da Rogue antes.

A Rogue começou em 1988, em Ashland, Oregon, EUA, como uma “homebrew”, ou seja, pequena e simpática fábrica de cerveja artesanal que vendia no seu próprio pub, com 60 lugares. O lugar foi ficando pequeno e, na busca por um lugar perfeito, Jack, o criador, encontrou em Newport o lugar ideal para aumentar sua produção. Desde então, a Rogue é conhecida mundo afora pelos seus ingredientes nada em seus cerca de 40 rótulos, como bacon, pimenta, pétalas de rosas, mel... bom, já falamos antes aqui.
Já o projeto Chatoe faz parte de um forte movimento nos Estados Unidos chamado "Grow Your Own Food", ou seja, cultive seu próprio alimento. A Rogue então cuida de todos os processos da fabricação da cerveja, desde o plantio e cultivação dos ingredientes até a produção do líquido sagrado (sim, sagrado!). Indiretamente trouxe ainda um conceito muito difundido no meio do vinho para a cerveja: o terroir. Com maltes e lúpulos locais, a linha Chatoe é absolutamente vinculada ao solo e ao clima do Oregon. Isso vale especialmente para os lúpulos produzidos no Vale do Willamette, únicos no mundo. Ou seja, todos os insumos são locais, o que faz desta cerveja um tanto territorialista. Daí eu entendo o excesso de presunção no rótulo.

Então a cerveja. A OREgasmic Ale tem uma coloração âmbar com espuma bege, bem turva, no aroma o caramelo e no sabor a fortíssima presença do lúpulo com notas cítricas e herbais. E mais lúpulo. E um final seco e amargo. E um erro: logo depois de comer os pãeszinhos de sal grosso e alecrim da mesa, o retrogosto desta Ale se tornou mais seco e amargo. A alta cabornatação faz com que a cerveja dê uma enroscada na hora de descer. Uma American Pale Ale carregada no amargor e na pretensão.

Um rótulo que criou mais expectativa do que era possível suprir. E um rótulo nem tão barato, R$37,00 pelos 650ml.

Esta é a hora que a gente foge do inusitado e volta para o tradicional, para não perder a oportunidade de ter uma perfeita à mesa. Fui de Hoerggaden na sequencia para recolocar o sorriso no rosto.

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