sexta-feira, 12 de junho de 2015

Muito amor envolvido

Dia dos namorados. A gente sabe que a data aqui no Brasil é puramente comercial, pré-evento do Dia de Santo Antônio – que já me ajudou na vida, ou não – mas que a data pesa, ela pesa! Mundo todo comemora em fevereiro, e isso acaba sendo a grande desvantagem da globalização. Solteiros viajantes sofrem em mais idiomas. Casados e relacionados gastam em duas moedas. 

E a sexta-feira hoje será quente! Jantares românticos à vista,  a propaganda do Boticário bombou – e o Egeo vendeu como nunca por puro recalque de consumidores que vestem a causa, como eu. E hoje, no kit presente romântico, vai uma cerveja mais que perfeita. Perfeita porque começando pelo rótulo, dispensa cartões e declarações: I love with my Stout. Se eu amo com a minha stout, é muito amor envolvido.

Acompanhando os textos desde 2011, sabemos que Stout é um dos meus estilos favoritos. Logo, é muito amor envolvido.

E quem declara amor com cerveja... meu amigo, minha amiga. Isso é muito amor envolvido.

Ainda sobre a perfeita, a “Love” (para os íntimos) é da EvilTwin, cervejaria dinamarquesa dona de rótulos incríveis e de receitas irreverentes – além de nomes fora do comum. Seu nome, “gêmeo diabólico”, vem do fato de o fundador, Jeppe Jamit-Bjergsø, ser irmão gêmeo de Mikkel Borg Bjergsø, fundador da Mikkeler, outra cervejaria dinamarquesa famosa. Então, uma certa rivalidade nasceu para criarem as receitas mais diferentes. Ruim pra eles, ótimo pra gente que se beneficiou da rivalidade fraterna! Ambos têm o mesmo esquema de produção: são cervejarias ciganas, ou seja, não têm fábricas e fazem suas brassagens mundo afora, com outras cervejarias parceiras, inclusive no Brasil. Como Jeppe mora em NY, a Love foi foi produzida na Two Roads Brewery de Connecticut.

A Love é uma Imperial Stout, ou seja, mais alcoólica que as Stouts tradicionais, tem 12% de abv. Densa e encorpada, é negra e quase cremosa, lembra óleo de motor, porém opaca e com espuma também densa e persistente. No aroma, notas de cacau, baunilha, canela, caramelo. Parece doce como o amor (e como chocolate), com o álcool latente que inebria. Então, no paladar, o relacionamento se torna real: uma enxurrada de amargor que equilibra com as notas torradas de malte – queimadas. O doce chocolate se torna um “100% cacau”. Preenche a boca, com carbonatação perfeita, deixando um retrogosto de chocolate amargo. Notas de frutas vermelhas quando assenta no copo. Sabe o namoro e encantamento no o aroma e a realidade no paladar? O resultado é relacionamento sério no retrogosto: você quer mais.


Uma cerveja altamente recomendada para os beer-lovers, chocolate-lovers e os love-lovers. Harmoniza bem com chocolate – eu jogaria chocolate branco, pra quebrar e porque é meu favorito. Lambuzaria com sorvete, na orgia da fava de baunilha, e até, porque não, tomaria direto da pele do meu amor cervejeiro.

Cheers. E mais amor por favor.