Dia dos namorados. A gente sabe que a data aqui no Brasil é
puramente comercial, pré-evento do Dia de Santo Antônio – que já me ajudou na
vida, ou não – mas que a data pesa, ela pesa! Mundo todo comemora em fevereiro,
e isso acaba sendo a grande desvantagem da globalização. Solteiros viajantes
sofrem em mais idiomas. Casados e relacionados gastam em duas moedas.
E a sexta-feira hoje será quente! Jantares românticos à
vista, a propaganda do Boticário bombou –
e o Egeo vendeu como nunca por puro recalque de consumidores que vestem a
causa, como eu. E hoje, no kit presente romântico, vai uma cerveja mais que
perfeita. Perfeita porque começando pelo rótulo, dispensa cartões e declarações:
I love with my Stout. Se eu amo com a minha stout, é muito amor envolvido.
Acompanhando os textos desde 2011, sabemos que Stout é um
dos meus estilos favoritos. Logo, é muito amor envolvido.
E quem declara amor com cerveja... meu amigo, minha amiga. Isso
é muito amor envolvido.
Ainda sobre a perfeita, a “Love” (para os íntimos) é da EvilTwin, cervejaria dinamarquesa dona de rótulos incríveis e de receitas
irreverentes – além de nomes fora do comum. Seu nome, “gêmeo diabólico”, vem do
fato de o fundador, Jeppe Jamit-Bjergsø, ser irmão gêmeo de Mikkel Borg Bjergsø,
fundador da Mikkeler, outra cervejaria dinamarquesa famosa. Então, uma certa
rivalidade nasceu para criarem as receitas mais diferentes. Ruim pra eles,
ótimo pra gente que se beneficiou da rivalidade fraterna! Ambos têm o mesmo
esquema de produção: são cervejarias ciganas, ou seja, não têm fábricas e fazem
suas brassagens mundo afora, com outras cervejarias parceiras, inclusive no
Brasil. Como Jeppe mora em NY, a Love foi foi produzida na Two Roads Brewery de
Connecticut.
A Love é uma Imperial Stout, ou seja, mais alcoólica que as Stouts tradicionais, tem 12% de abv. Densa e encorpada, é negra e quase
cremosa, lembra óleo de motor, porém opaca e com espuma também densa e
persistente. No aroma, notas de cacau, baunilha, canela, caramelo. Parece doce
como o amor (e como chocolate), com o álcool latente que inebria. Então, no
paladar, o relacionamento se torna real: uma enxurrada de amargor que equilibra
com as notas torradas de malte – queimadas. O doce chocolate se torna um “100%
cacau”. Preenche a boca, com carbonatação perfeita, deixando um retrogosto de
chocolate amargo. Notas de frutas vermelhas quando assenta no copo. Sabe o
namoro e encantamento no o aroma e a realidade no paladar? O resultado é relacionamento
sério no retrogosto: você quer mais.
Uma cerveja altamente recomendada para os beer-lovers,
chocolate-lovers e os love-lovers. Harmoniza bem com chocolate – eu jogaria
chocolate branco, pra quebrar e porque é meu favorito. Lambuzaria com sorvete,
na orgia da fava de baunilha, e até, porque não, tomaria direto da pele do meu
amor cervejeiro.
Cheers. E mais amor por favor.
Adorei! Poético!
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