quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Um casamento cervejeiro :: Cervejaria Nacional


Há tempos estou pra falar da Cervejaria Nacional. Mais precisamente desde a primeira vez que a visitei, mas desta vez será especial.

A Cervejaria Nacional fica em Pinheiros, São Paulo. Tem três ambientes: a fábrica no primeiro andar, o bar no segundo e o restaurante no terceiro. Genuinamente nacional, usa o folclore brasileiro como tema da decoração e para nomear as cervejas.

Sim, fábrica, porque a Cervejaria Nacional é a única fábrica-bar de SP. Por isso lá só tem as cervejas produzidas por eles e é lá, no primeiro andar – onde eu tirei as melhores fotos da vida! -  que são produzidos cerca de 5.000 litros de cerveja de 5 tipos diferentes por mês. Cerveja sem conservantes, artesanal e muito saborosa, elaborada pelas mãos dos mestres-cervejeiros Fabiani e Alexandre Sigolo. Até hoje, lá já foram produzidas e bebidas mais de 25 receitas dos mais variados sabores e ingredientes.

Daí lá a gente ainda aprende mais sobre cerveja. A gente já sabia que cerveja gelada demais é um erro. E na Cervejaria eles explicam porque não servem a estupidamente gelada... “A temperatura baixa engana suas papilas gustativas e faz com que você dificilmente perceba o sabor ou a falta dele. Por isso, todas as nossas receitas chegam à torneira da chopeira com a temperatura entre 0º e 0,2ºC, para que você possa degustar e sentir todas as características do sabor de cada uma delas.” Cultura cervejeira. O bar no segundo andar, com mesas, balcão e decorado com sacas de cevada está sempre cheio – funciona desde o almoço até tarde da noite.

E indo ao terceiro e último andar, o restaurante, um espaço rústico, iluminado durante o dia e mais quente e ameno à noite, tem no fundo a cozinha, super à mostra através de um vidro que mostra a galera se empenhando em pratos sensacionais. E então foi neste ambiente que nosso casamento foi celebrado. O terceiro andar foi reservado e previamente decorado, e escolhemos o menu de harmonização da casa para nossos convidados.



Foram 5 pratos, cada um acompanhando – à vontade – uma cerveja da casa. Os convidados ao chegar tinham como opção de petiscos as “comidinhas de boteco”: Pastéis de Carne e Queijo, Bolinho de arroz, Batata da casa e Polenta frita. Para harmonizar, a cerveja Y-iara Pilsen, o carro-chefe da casa, primeira das cervejas a ser produzida. Base de maltes pilsen e vienna, coloração amarela-dourada, lúpulo Saaz para um aroma floral e 5% ABV. A ideia dessa receita é reproduzir a tradição do estilo, com amargor perceptível, 100% malte e personalidade. As cervejas Pilsens são leves, aromáticas, refrescantes e com delicadas notas de malte. Sugerida para acompanhar saladas, aperitivos fritos e condimentados e grelhados. Foi basicamente a escolha dos convidados para a noite toda, embora muito ainda tivesse por vir...

Como entrada, duas opções: Crostini de Cogumelos (Cogumelo paris com um toque de alho, parmesão e rúcula), servidos com a Cerveja Kurupira Ale, uma Amber Ale com equilíbrio entre o amargor do lúpulo e as notas adocicadas de malte, onde o caramelo tende a prevalecer. Nossa Ale do dia a dia e herdeira direta da receita da Drake's Brown Ale. O plano era criar uma receita baseada no primeiro grande sucesso da Cervejaria Nacional, com tons mais avermelhados. Na versão Kurupira temos 30 IBU's como na original, com maior presença das notas de malte caramelo e 5% ABV.
Salada Xavantes
Ainda como entrada, a Salada Xavantes - alface romana, molho ceasar, parmesão e croutons – servida com a cerveja Domina Weiss, que como toda cerveja de trigo tem um paladar refrescante, aromas de banana e cravo e a inconfundível sensação do malte de trigo, características que agradam muito nos dias mais quentes. Com uma receita simples de maltes de trigo e pilsen e lupulagem amena com o Tettnanger, a Domina Weiss é elaborada com uma cuidadosa fermentação que produz os aromas acima de maneira muito delicada, o que faz dela a campeã absoluta de vendas. Inclusive, foi com ela o primeiro brinde dos noivos, direto da fonte!

Brinde dos noivos by Domina Weiss
O prato principal podia ser escolhido entre um sensacional Risoto de Costelinha (Arroz arbóreo com costelinha de porco desfiada, limão cravo e crispy de cebola) ou o Ravioli da Casa, que eu já a-d-o-r-a-v-a, recheado com mussarela de búfala e molho de tomate italiano. Ambos acompanhavam a Mula IPA, aquela favorita do padrinho Ali. É um estilo que tem se tornado muito popular entre os cervejeiros. A Mula nasceu como uma IPA americana, a qual possui teor alcoólico elevado (7,5%), corpo baixo, final seco e generosas doses de lúpulos americanos que contribuem para aromas de frutas tropicais, maracujá e cítrico além do amargor bem pronunciado (60 IBUs). Como as IPAs são cervejas de personalidade forte, amargor elevado e alto teor alcoólico com o lúpulo sendo o grande destaque, são indicadas para acompanhar pratos mais fortes e mais temperados. Por fim, além do fantástico Bolo de Guinness já anteriormente citado, a sobremesa, mais apreciada impossível: Petit Gateau com sorvete de creme, servida com a Sa’si Stout. As cervejas Stout são famosas por acompanharem doces e sobremesas. A Sa’si é uma Dry-Stout com  4,6% ABV, 35 IBU e cor negra profunda. Com o tempo o forte amargor de malte torrado foi sendo equilibrado com outros elementos da receita para dar harmonia aos sabores dessa Stout, caracterizada pela cremosidade e as notas de café e chocolate no aroma e sabor. 

E ainda, a Patrícia Reali, gerente da Cervejaria Nacional, foi incrível o tempo todo. Mesmo depois de 2 meses, ainda é tempo de agradecer a atenção especial que nos deu e o momento proporcionado. É sempre muito difícil agradar à todos em um evento – principalmente casamento – mas o local superou nossas expectativas. Quem já conhecia adorou a ideia de termos a recepção lá. E quem não conhecia com certeza se surpreendeu! Muito gostoso ter um casamento simples, mas cheio de estilo e com muitos elogios.
Valeu Pat!

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

O casamento de Catarina

O período de seca nos posts de cerveja está oficialmente encerrado.

Rafael foi um cara malandro. Veio quieto e em questão de meses conquistou a Michelle eeeee a Catarina. E quando pensávamos que só o casamento da Michelle que estava rolando, numa manhã estilo “Se Beber Não Case” levou o que restava da Catarina ao cartório e ela, quase sã, assinou seu novo nome. Sim, Michelle e Catarina agora assinam Reis.

E este casamento foi pautado pelo dourado líquido sagrado. Feito de cerveja e celebrado com cerveja, numa cervejaria. Afinal de contas, o casamento dos noivos que se conheceram nas comemorações do St. Patrick's Day e foram abençoados pela graças de São Patrício, não poderia ser de outra forma...

Começando pelas lembranças, um mimo. 

Potinhos de brigadeiro de cerveja.

A receita é simples mas requer paciência:
  • 350ml de cerveja Pilsen (usei Heineken)
  • 1 lata de leite condensado
  • 1 colher de sopa de margarina


Paciência para reduzir a cerveja para 150ml. Demora um pouquinho e não pode ferver, porque ela sobe. O fogo brando e o olhar zeloso constante duram cerca de 20 a 30 minutos e o cheiro... ainda estava em estado de ressaca (dois dias antes tinha visitado o hospital graças à festa de despedida de solteira. Plasil na veia, estômago enjoado e a aparência verde me acompanharam até a véspera do casamento) e o odor do álcool evaporando não foi muito confortável, confesso. Mas o resultado ficou excelente. O gostinho diferente da cevada deu um toque. A cor é como a de beijinho, um cremezinho claro, mas isso depende da cerveja usada. Como usei Pilsen, ficou mais clarinha, mas uma dica é usar a Stout, que deixa o doce até mais amarguinho, agradando mais! Mimo aprovado, sucesso. Foram feitos 100 potinhos, sobraram zero.

Decoração vinda da Despedida de Solteira

Não queria deixar as mesas do restaurante, que tem uma decoração mais rústica, lisas. Coletando ideias nos milhares de sites de casamento que vi por aí, vi uma decoração que usava garrafas de vidro como centro de mesa, com palhas e flores. Rá! Vamos adaptar e usar garrafas de cerveja, já que seria na Cervejaria, não? Melhor... na semana do casamento, mais especificamente 3 dias antes, na despedida de solteira, pedi para as meninas guardarem as garrafas de Heineken que tomavam, para que eu pudesse usá-las. A Dani Pioli, arquiteta e criativa nas horas vagas, me preparou a surpresa. Como ela que iria decorar o ambiente, ficou com as garrafas. E o rótulo, em vez de retirado, foi substituído por um personalizado. Sensacional ideia e efeito! Muitos levaram como lembrancinha. Inclusive eu!

Bolo de Guinness

Esta receita é velha conhecida do MC. E eu também já tinha usado a receita num bolo de aniversário de amigos. A decisão do bolo de Guinness foi por acaso. Quando estávamos à procura do bem-casado perfeito encontramos a Alessandra Tonisi (vale a visita no site pra quem vai casar ou só quer um bolo gostoso viu). Um ateliê no bairro da Saúde, uma casinha pequena e movimentada e a Alessandra, perdoem-me a redundância, um doce de pessoa! Eu procurava um outro tipo de bolo e faria com uma amiga da família, mas ela me conquistou. E deu boas idéias.

Bolo de casamento, quem vive este momento sabe, é muito caro, mas essencial. E lá no ateliê, discutindo formas e sabores, fui apresentada ao “Naked Cake”, uma nova moda de bolo de casamento que não tem a cobertura de pasta americana. A base seria de chocolate e o recheio, trufa de amêndoas brancas. Então me veio à cabeça: “Você já fez bolo de Guinness?”. Ela não conhecia a receita, e eu, orgulhosa, mostrei o Blog. Ela acatou a ideia, fechamos o contrato e na sequência o noivo, engalado, levou as latinhas de Guinness para que ela pudesse testar a receita. E que receita! Eu nunca vi convidados comendo o bolo de casamento, para mim é apenas mais uma das formalidades, mas o bolo simplesmente evaporou! E nós, os noivos, nos acabamos. Foi o melhor bolo que comi na vida! A massa era intensa, molhadinha, de chocolate com o toque amargo da Stout, o recheio quebrava, nada enjoativo, com pedacinhos de amêndoas de davam um crocante no bolo molhadinho. Recebi até foto do bolo no prato de convidados, que se perguntavam quem tinha feito, do que era... é, usar cerveja na culinária encanta e desperta a curiosidade!

Pra quem se pergunta, o Shrek é sim o Rafa, foi uma surpresa para ele. E sim, casei de sapato rosa e usei meu celular no altar. Mas enfim...

Recepção na Cervejaria Nacional

A Cervejaria Nacional é um dos meus três lugares “pra-tomar-cerveja” em São Paulo favoritos. E na busca de um local para a recepção, já que queria fugir do padrão de festa de casamento em buffet, a Cervejaria veio em pauta. Os restaurantes, ao saber que era casamento, cobravam menu fechado que saía mais caro que qualquer buffet que se preze. Quando estava ficando chato, uma amiga me sugere: “Leva os mais chegados pra tomar uma cerveja e pronto!”. Então conversei com a fofa da Patrícia Reali, gerente da Cervejaria, que nos deu o maior apoio e adorou a ideia. Fechamos o menu de harmonização, a R$90 por convidado, com cinco pratos e cada um acompanhado por uma cerveja da própria Cervejaria Nacional. Vou especificar e falar bastante disso semana que vem, ou este texto vira um capítulo de Cinquenta Tons de Cinza...

Aprovadíssimo pela geral. No fim das contas, o kit antirressaca que seria distribuído na balada na sequência, foi dado ali mesmo. Muita cerveja à vontade, menu farto e pessoas felizes. Tudo que todo casal de noivos que acabou de passar o nervoso do altar da igreja quer. Com cerca de 80 pessoas na lista, fechamos o segundo andar da Cervejaria, o que para um sábado à noite causou certo transtorno na fila de espera do local. E, claro, alvoroço toda vez que a noiva descia no primeiro andar para usar o banheiro. Descobri uma timidez que não sabia que existia.

Ansiosa pelo álbum oficial (por enquanto só temos as fotos de alguns amigos que postaram com a #casalreis no instragram), já que abriram a produção para que pudéssemos tirar mil fotos entre os barris de cerveja, sacas de cevada, tirando a cerveja do próprio tonel, acompanhando a fervura. Delírios de Catarina, noiva de touquinha!

O Brinde foi com Deus

Era algo que passava pela minha cabeça, mas que se mostrava surreal pelo preço da garrafa. Imagina 20 garrafas de Deus? Seria mais barato usar Veuve-Clicquot. Mas por motivos de logística e negociação, abortamos o vinho e brinde do jantar - embora já estivéssemos a caminho do Imigrantes Bebidas, de onde sairíamos com cerca de 40 garrafas e algumas centenas de reais desfalcados, quando a decisão foi obrigatoriamente tomada, um dia antes do casamento. Mas o protocolo do casamento pede o brinde dos noivos, o corte do bolo e mais mil mimimis, portanto era mesmo importante. Então, lá mesmo entre tantas garrafas, vejo uma caixa. Com um balde e duas taças personalizadas, a “módicos” R$270,00, ela, a Deus, piscou e disse: Um brinde!

Foi quase o momento mais emocionante da noite. O brinde com efetivamente a melhor cerveja do mundo, a eleita perfeita pelo Mulheres e Cerveja, aquela que quem não a conhece duvida ser cerveja. Divina, majestosa. Por pouco, quase a dama da noite. Nosso brinde dos noivos foi feito regado à Deus, em taças especiais que hoje adornam minha coleção de copos, quase que em uma redoma. Meu presente de casamento ver os olhos do Rafael brilhando ao prova-la. Estourar a rolha, claro, foi tarefa gentilmente cedida à Catarina, que julgou justo que todos os convidados a provassem, então a “bitoquinha coletiva” fez com que todos admirassem e ouvissem, um a um, o que era a Deus. Cerveja... Champanhoise... Belga... 28 euros em casa.

Um casamento especial. Diferente, simples, quebrando paradigmas, mas mesmo assim especial, íntimo e muito feliz. E, principalmente, cervejeiro. E pensar nisso me faz abrir um sorriso ao escrever, ao lembrar, ao falar. A cerveja agora tem um espaço na minha vida muito maior e mais bonito. E um novo admirador, que a cada ideia de incluía cerveja aprovava e apoiava.

Aos noivos, Prosit, Salut, Cheers, Tim-tim, Proost, lloniannau, Salute, Vive ou Saúde! Com todas as cervejas do mundo!

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Sinos de casamento


Não, não abandonei a busca da cerveja mais que perfeita. O que acontece mesmo são outras buscas: o vestido perfeito, a música perfeita, o bem-casado perfeito... e isso toma muito mais tempo do que qualquer mortal pode imaginar.

E as cervejas, ah bendito líquido proibido na dieta do vestido branco. E eu, que de força de vontade e disciplina não sei nem da teoria, me superei. Abdiquei das farras e desforras da vida de solteira antes mesmo de casada. Mas o noivo, que sabe que compete a paixão com a cerveja, não me deixa longe dela. Casamos em breve na Igreja da Cruz Torta, “coincidentemente” em frente ao Empório Altos do Pinheiros, o favorito, onde ele e amigos farão o esquenta. E foi lá que neste sábado, após a entrevista com o padre – casamento na igreja tem pormenores que até Deus duvida - ele me deu um romântico presente, outro além de dividir uma taça de Delirium e um filé de frango com salada ali mesmo no Empório.


A Geuze Mariage Parfait chamou a atenção, óbvio, pelo nome. A cerveja belga da cervejaria Brouwerij F. Boon se intitula o casamento perfeito entre cervejas Lambic envelhecidas. É uma mistura de 100% de cervejas deste estilo, maturadas em tonéis de carvalho, passando ainda por uma segunda fermentação na garrafa, uma tradição mantida desde 1835. Esta cerveja tem pelo menos três anos de idade quando engarrafada, tanto que meu exemplar tem safra de 2006. É uma cerveja seca, bastante atenuada (baixa doçura), com baixa carbonatação e caracterizada por intensas notas frutadas e sabor especialmente ácido. Sua rolha estoura forte ao ser aberta. Em primeiro momento um aroma de champagne, em seguida surpreendentes aromas de estábulos, cítricos, florais e avinagrado, são tipicamente encontrados neste estilo, resultado da fermentação por leveduras especiais. Cerveja ácida e refrescante, que mascara o ABV de 8%. Muito para quem não bebe há mais de mês.

E ansiosa para o grande dia, que será comemorado em estilo cervejeiro. “Mariage Parfait”!

Tim-tim!

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Mais uma das cervejas rosas


Voltemos então às rosas, saindo das pétalas e indo para o rótulo.

Eu tenho rosas no nome, no quarto, na cor favorita, enfim, tenho um mundo cor-de-rosa único, mas isso quem não sabia, desconfiava. Tudo que é rosa me encanta. E eu partilho isso com algumas amigas, coincidentemente.

A Semyle, aquela nossa correspondente que ama o blog mas insiste em não participar, sempre vem com uma novidade. Daí ela apareceu com uma cerveja rosa envolta numa pulseira. Caveiras, rosas e framboesa. A framboesa na cerveja, claro. Adoro as surpresas mensais que ela traz pra SP...

A pulseira – que ela insiste que eu não uso – já sabe o caminho casa-trabalho de cor. A cerveja, estamos falando da Timmermans Framboise, tomada no mesmo dia num encontro de garotas no escritório ao lado. Bom porque pode ser aprovada não por uma, mas por 5 mulheres.

Uma lambic, e a maioria das mulheres que torce o nariz pra cerveja adora esta versão. Mesmo eu que adoro sentir o sabor do lúpulo me encanto pelas lambics.

A Timmermans Framboise é da cervejaria belga de mesmo nome, existente há mais de 300 anos, nos arredores do centro de Bruxelas. Maturada em barris de carvalho, a cerveja tem uma tonalidade rosa-avermelhada, com um aroma de framboesa tão intenso quanto o sabor. A espuma é bem rosada, e bem formada. Como tem aromatizante, tanto o aroma quando o sabor puxam bastante, praticamente anulando o amargor da cerveja e a deixando bem doce. Deixa um retrogosto doce e até arrisco dizer que enjoativo no final. Coisa de xarope. Mesmo assim, aprovada pelas mulheres.

Que digo, estavam mais ávidas pelas novidades de cada uma do que pela cerveja. Taí uma diferença entre os homens e as mulheres. Algumas conseguem deixar a cerveja em segundo plano quando a fofoca é boa.

sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Blue Moon (now I'm no longer alone)


Sexta-feira de coincidências. É na hora do almoço, coincidentemente regado a cerveja (e que meu chefe não me ouça!) que escuto: “você viu que hoje teremos lua azul?” A conversa cruza. Enquanto uma pergunta o que é lua azul, eu começo a cantarolar alheia à vida real... “blue blue blue moon, you saw me standing alone” . Ninguém deu a resposta da lua azul, e eu continuei divagando... lembrei de uma noite, também regada à cerveja, uma nova amizade, daquelas que surgem do nada e viram pra vida, e búfalo wings num bar em Nova York, na minha primeira viagem a Big Apple... Vieram à minha cabeça a Fernanda, The Marcels, Frank Sinatra, a moça do tempo, o cara de cera do bar e logo depois Neil Armstrong. Quando voltei à mesa, a conversa já tinha mudado de rumo.

Mas na ordem, a lua azul... hoje teremos a segunda lua cheia do mês, a primeira foi dia 2 de agosto. Daí chamamos este fenômeno de Lua Azul. Por que? Porque um sujeito nomeou este fato de maneira errada e o termo ficou. Na realidade, essa expressão existe há pelo menos 400 anos, mas não como sendo a segunda Lua cheia do mês. Este significado nasceu de um erro ocorrido em 1946 e se tornou popular. Embora estranho, a lua já ficou azul de verdade algumas vezes... em 1883, com a erupção do vulcão Krakatoa explodiu na Indonésia, a atmosfera ficou carregada por partículas de poeira que deixaram a Lua azul no mundo todo por quase dois anos. Sempre que há uma grande quantidade de poeira na atmosfera, esse efeito se repete. O mesmo ocorreu em 1927, na Índia, quando uma tempestade depois de uma enorme seca levantou toneladas de poeira na atmosfera. Ou em 1951, quando um enorme incêndio florestal no Canadá lançou uma quantidade de cinzas que deixou a lua azul.

Veio a música moderna e associou este termo à tristeza. Várias músicas usam esta expressão para associar tristeza e solidão, que podemos ver nas músicas de Elvis Presley... Então a expressão se tornou moda, numa febre que deu nome a milhares de restaurantes e mostras de arte no país. Mas a definição de Lua azul de fato aparece em um livro chamado “Almanaque do Fazendeiro do Maine” nas edições anuais entre 1819 e 1962. “Em primeiro lugar considera-se o ano tropical, aquele que começa em um solstício de inverno (mais ou menos no dia 21 de dezembro para o Hemisfério Norte) e vai até o solstício de inverno seguinte. A maioria dos anos tropicais consegue conter 12 Luas cheias, três em cada estação do ano. Cada uma delas tem um nome específico para a atividade humana da época. Ocasionalmente, temos um ano tropical com 13 Luas cheias, o que significa que uma das estações do ano deverá ter quatro delas, ao invés de três. Nesta estação com quatro Luas cheias, a terceira a acontecer é chamada de Lua azul”, diz o almanaque. Daí, em 1946, um astrônomo amador que escrevia para a revista Sky & Telescope nos EUA, em um especial sobre meteoros, resolveu falar sobre Luas azuis. “Em 19 anos, sete vezes aconteceu (e ainda acontece) de haver 13 Luas cheias em um ano. Isto dá 11 meses com uma Lua cheia em cada um e um mês com duas”. Mas concluiu erroneamente: “esta segunda Lua cheia do mês foi chamada de Lua azul.”

E ficamos assim, com a lua azul. E eu, cantarolando “Blue Moon”, logo pensei em cerveja. Foi minha primeira witbier (cerveja branca), com uma suculenta laranja adornado seu copo tulipa. A Blue Moon é da cervejaria homônima baseada em Denver, Colorado, e que foi comprada há cerca de 3 anos pela Coors e virou Molson Coors. Uma Belgian White que leva em sua composição trigo, aveia, coentro e casca de laranja. De coloração âmbar turva, apresenta aromas cítricos (notas de lima e laranja) e sabor pouco amargo, seco, com toques de coentro, sendo muito parecida com a Hoeggarden. Daí a gente nem fala mais nada né? 


A Lua azul desta noite de 31 de agosto é muito especial, com mais coincidências. Aconteceu no mesmo dia do enterro de Neil Armstrong, o primeiro ser humano a dar o primeiro passo na Lua – com o pé esquerdo. Acho válido correr ao primeiro bar/empório e ver a lua cheia no céu - que está fabulosa - erguendo um caprichado copo de Blue Moon e agradecendo à vida!

PS: A inspiração veio do texto do Cássio Barbosa.

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

As rosas simplesmente exalam!

Em toda visita ao Empório, dou uma passeadinha nas prateleiras, procurando um rótulo, uma história, uma indicação. E sempre me surpreendo. Não sou petulante a ponto de dizer que conheço tudo de cerveja, este universo a cada dia fica maior... Gosto, conheço, mas a caminhada é tão grande que eu sequer vejo o fim!

Mas voltemos a falar de flores. Ou de cerveja.

Quando eu tinha uns 9 ou 10 anos, sofria muito bullying no prédio que morava. Quer dizer, na época não existia bullying, então eu era zuada mesmo. Uma das minhas melhores amigas até hoje tem duas irmãs que fizeram da minha infância o inferno na terra. Junto com as amigas delas. Mas esta guerra tinha uma trégua momentânea: a hora da salada de rosas. Íamos na casa vizinha ao nosso prédio e pegávamos pétalas de rosas, que temperávamos com vinagre, sal e azeite e comíamos escondidas atrás da arvore que tinha entre os dois terrenos. Ficava uma delícia! Tinha uma textura macia, um sabor leve adocicado e o perfume das rosas que ainda exalavam. Nunca esqueci deste gosto.

Quase vinte anos depois – e revelando minha idade para os abastados da matemática avançada – esta cena me vem à mente ao encontrar na geladeira uma Rogue Mom Hefeweisen Rose Petals.

É aquele momento que eu não penso duas vezes e abro a geladeira. Além de um rótulo simpaticíssimo com uma versão da Palmirinha, as palavras mágicas: Ale brewed with rose petals. Será que tem aquele gosto da infância?

TEM!


A Rogue Mom Hefeweisen Rose Petals faz parte da extensa família Rogue, cervejaria americana que tem mais de 30 rótulos, todos na linha do exótico. A cervejaria tem 24 anos, mas já tem história, prêmios e muita criatividade, desde os rótulos (que o sangue publicitário me faz amar) até os ingredientes. Cerveja com chocolate, chipotle, avelã, cerveja Mocha... tem de tudo!

Quando falamos da Mom Hefeweisen Rose Petals falamos de uma cerveja Blonde Ale no estilo witbier, o que me lembra bastante a Hoergaaden: turva, amarela clara e aroma de trigo, além do toque cítrico. Mas esta vai além. Um quê de palha, um toque de mel e fragrância de... rosas. Sim, aquele mesmo sabor de rosas, a lembrança do fundo do jardim, da árvore. Muito refrescante, é a típica cerveja do verão europeu, considerada "espumante" pelos alemães, mas na versão com pétalas de rosas. 
Não vou mentir, nem tudo são rosas. Tem um final seco, com a presença forte do trigo. Mas tem rosas. E não são qualquer rosas, pétalas de rosas de Eugene, Oregon.

Confesso que segui o mesmo erro do cidadão do post anterior e peguei a garrafa no ímpeto, sem sequer perguntar o preço. R$42,00 a garrafa de 650ml. É... 

Há quem diga que perfeitos são os lírios com sua fragrância, as orquídeas com sua elegância ou até mesmo as begônias por sua simplicidade.

E eu gosto mesmo é de rosas.

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Dog A, a cerveja de 110 reais tomada no gargalo

“Catarina você já tomou cerveja com vodca?”

Já no caixa do Empório Alto dos Pinheiros escuto esta frase. Meu amigo vem até mim com uma BrewDog na mão. “Esta é forte hein!”

Era a Dog A, ABV de 15,1%, rótulo chumbo, quase preto, em sua totalidade. A edição é especial de 5º aniversário, lançada em março deste ano.

Amigo, você viu o preço desta cerveja?, pergunto, já com minhas dúvidas por se tratar de uma edição especial... “Ah, não deve ser tão cara, tava na geladeira”, ele diz sossegadíssimo.

Ok, mas ó, digo eu em tom de advertência... a BrewDog, fora da linha convencional costuma ser meio cara. Tem uma deles, que por um tempo foi considerada a cerveja mais forte do mundo – a Tactical Nuclear Penguim – que custa R$600. Daí veio outra mais forte – a Sink the Bismark – que tá quase na casa dos milhares....

Ele ficou assustado, mas continuamos bebendo. A cerveja é de fato forte, está longe de ser (isso pra não dizer NÃÃÃÃÃO faz isso com a cerveja) a longneck que se bebe no gargalo, de pé na frente do bar, que foi o que fizemos. É extremamente encorpada, cada gole leva uma eternidade para ser completado. Cerveja maltada, escura, sério, forte mesmo... uma Imperial Stout que, segundo o próprio fabricante, detona a boca. Tem inclusão de grãos de cacau, pimenta e café. Não sei a cor, o corpo, a espuma nem o aroma, porque, como disse, foi tomada no gargalo. Não me culpem.

Ainda em pé, ao lado do caixa. Escuto de longe um extasiado “QUANTO?”. R$110,00. Ri, ri muito. Rir da desgraça alheia é especialidade do ser humano.

Ele pagou, com dor no coração. E com Visa Vale.

Moral da história: nunca vá a um empório e pegue uma cerveja X da geladeira sem saber o preço. E não ache que porque você tem um chaveiro de abridor de garrafa você é o dono do mundo.

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Catarina no país das Maravilhas (Heineken Experience)


Eu já tinha dado um check-in em Amsterdan, mas assim que eu me envolvi no mundo da cerveja e descobri a existência no Heineken Experience, eu sempre pensava em voltar. E juro que aconteceu por acaso. Aquela amiga do casamento grego descobriu um show da Madonna lá, o noivo comprou um par de ingressos e para me comprar, me deram de presente. Pronto, motivo encontrado.

Trem agendado, hotel reservado por eles, além de todos os outros passeios. Disse que faria tudo de novo, com uma condição: eu queria ir no Heineken Experience! E num domingo MUITO chuvoso, lá estávamos.


A sensação do sorriso grudado no sorriso foi a mesma da visita na Guinness Storehouse. A fachada muito menor, um ambiente muito mais balada e muito menos chão de fábrica. A Heineken é marketing da base à tampinha da garrafa. São shows, projeções de rótulos, merchandising e muita cerveja. Em seu roteiro pré-definido, começamos com os já conhecidos ingredientes e modo de preparação da cerveja, apresentado por uma mulher (muito da mal-humoradinha devo confessar. Eu seria muito mais simpática naquele trabalho...) à frente da água, cevada, lúpulo e levedura.

A experiência continua e vai ficando cada vez melhor, e meu sorriso cada vez maior. Moeção de cevada, maquinário de milnovecentosebolinhas e... que tal FAZER sua própria cerveja? Bote seu avental e encoste a barriga numa panela gigante de água e cevada cozinhado, mexendo até levantar fervura. E prove o resultado. Quente mesmo, um gostinho doce doce do açúcar que ainda não foi fermentado.
Entre no processo de produção de cerveja! Uma sala para 16 pessoas, onde você é uma Heineken! Desde a água até chegar no bar, o ambiente sacode, molha, dá sensação de queda, tem bolinha de sabão, esquenta, esfria... E então um quiz. A batalha entre dois bartenders Heineken, cada pergunta certa, uma halfpint (que eu levei pra casa mas quebrou na viagem) de Heineken. Catarina tomou 4 Heinekens! Que orgulho! E que bartender...


Uma longa sessão de filmes publicitários, anúncios esportivos, jogos de luzes, fotos, selfvideos e histórias, o bar. Na entrada ganhamos pulseiras com pins que valiam ou duas cervejas ou aquela velha história de tirar a própria pint (que eu já coleciono experiências com a Stella, Guinness e tantas outras). Onde eu fui?


Ganhar meu certificado! O único problema é que neste ponto meus amigos tinham partido para outro museu, mais cultural, e eu fiquei sozinha. Daí você conta com a habilidade e predisposição das pessoas para tirarem suas fotos. Não deu...



Sem controle, sem amigos e com cerca de 8 pints de Heineken correndo no corpo de Catarina, o abuso financeiro em Souvenirs Heineken foi certo. Moleton, mini engradado, bolachas, quadro (até quadro), chaveiro e a melhor recordação da existência do Mulheres e Cerveja: uma Heineken personalizada!

Aquele sorriso já nem cabia mais no rosto.

Agora sim eu não preciso mais voltar à Amsterdan. A não ser que me dêem outro motivo!

Proost!

PS: Álbum completo da experiência no Facebook do Mulheres e Cerveja.

quinta-feira, 26 de julho de 2012

Mitologia Grega

Num contexto acadêmico, a palavra "mito" significa basicamente qualquer narrativa sacra e tradicional, seja verdadeira ou falsa. O sufixo "-logia", derivado do radical grego "logo", representa um campo de estudo sobre um assunto em particular. Com a junção de ambos os termos, "mitologia grega" seria, basicamente, o estudo dos mitos gregos, ou seja, os que fazem parte da cultura da Grécia. Sendo assim, o termo não só alude ao estudo dos mitos como também aos próprios mitos...

Mimimis míticos deixados a quem não quer falar de cerveja, existem dois momentos na minha lembrança que eu tenho certeza que nunca vão se apagar. 

O primeiro foi minha reação ao ver, pela primeira vez,  a vista paradisíaca no topo da ilha de Santorini, na Grécia. Eram quase nove horas da noite, o céu estava com aquelas cores todas misturadas, entre laranja, azul e dourado de quando o sol se põe no mar. A água do mar era quase um espelho do céu. Eu estava chegando do aeroporto, sem hotel agendado e ia dormir no quarto de um casal de amigos, cujo casamento, momento à parte, foi lá, regado à esta mesma paisagem . No caminho, numa virada à esquerda entre as vielas da ilha, me deparei com o mar à minha frente. Fiquei sem respirar por alguns segundos.

O segundo foi logo no dia seguinte. Aquele que eu pensei que seria o maior calor que teria no verão, a mistura de fome e boca seca. No centro da ilha, um restaurante com uma vista estratégica para a “caldeira”, que é o vulcão adormecido entre as ilhas em Santorini. Mar azul, céu azul. E na mesa eis o momento que que ela chega, em véu de noiva, daquele brasileiríssimo jeito de estupidamente gelada.  Ok, a gente sabe que se muito gelada a cerveja perde muito, mas aquela Mythos não perdeu nada!

A Mythos é uma autêntica cerveja grega, lançada em 1997 e produzida em Thessaloniki - norte da Grécia. Desde seu primeiro ano de lançamento conseguiu reverter a situação no mercado de cerveja grega e conquistou os corações do gregos (e muito mais, dos turistas), mesmo com todas as dificuldades e os obstáculos decorrentes da natureza do local, já que a Grécia tem mais de 200 ilhas e a logística é uma coisa complicada por ali. A cerveja leva em sua receita todo o know-how europeu na produção de cervejas, combinado com o paladar grego. Única exemplar grega a vencer o “Canadian Interbeer International Beer & Whiskey Competition”, motivo de orgulho da cervejaria.

Mythos Hellenic Lager Beer, seu nome completo, é uma cerveja suave e muito refrescante, com um corpo dourado-claro, translúcido que contrasta com sua espuma branca densa e cremosa. No paladar, um sabor frutado e com uma leve presença de cereais, muito pouco amarga, que denota um lúpulo leve e fresquinho no finalzinho. Cerveja de bar, de verão, de praia. E foi ela minha cerveja de cada almoço, cada jantar, cada praia de pedra vulcânica e calor mediterrâneo.

A cerveja não é perfeita, vai além, é um MITO! #tudunts

Ef Haristo! (uma das 5 palavras que aprendi em grego...)

segunda-feira, 16 de julho de 2012

Catarina no País... de Gales

Confesso que esta viagem foi bem diferente. Fiquei um pouco desligada do mundo, sequer levei meu computador, e vivi muito menos o lado cervejeiro da Europa do que gostaria. Tenho poucas – mas boas – histórias na bagagem.

Cada lugar, um rótulo, este é o objetivo de qualquer viagem que faço. E sobre as inglesas, muito já procurei nelas a minha nova perfeita. Resolvi pegar a estrada e procurar nos lugares mais distantes, e mais atípicos.

País de Gales. Ou Wales, como os britânicos o chamam. Viagem curta e decidida de última hora, como quase tudo que faço. Uma terça-feira e nenhum lugar agitado para receber três brasileiras ávidas por música e diversão. A cidade é linda, tem um idioma um tanto quanto curioso além do inglês, mas é pacata como uma cidade de interior. E estamos falando de Cardiff, a capital do País de Gales.

Mas a pergunta não muda: qual é a cerveja local daqui? Com um sorriso no rosto, a muito jovem (sério, ela não tinha nem 20 anos) me levou até o tap das Ales locais. Eram 3 locais e uma “Guest Ale” (que não provei por não ser local), e pude provar um pouco de todas até escolher a minha favorita e tomar uma pint muito bem tirada.



Pela ordem dos taps, a The Rev. James, uma cerveja encorpada e picante, com um aroma forte amadeirado que lembra castanha. Uma típica Ale, de cor âmbar e espuma clara, com um corpo doce porém com um final seco e amargo. Uma cerveja curiosa, que a cada gole fui mudando um pouco a opinião. No fim das contas, uma Ale doce e até agradável para o paladar feminino das amigas. A cerveja é o nome de um dos proprietários originais da Buckley Brewery, que em 1997 foi comprada pela SA Brain&Co.

Em seguida, a Brains Bitter, que conforme o próprio nome, amarga. Feita através de uma mistura curiosa de maltes e dois tipos de lúpulos, tem um sabor doce inicial que logo é substituído pela presença forte do lúpulo, sendo amarga como um cabo de guarda-chuva. Ainda assim, é frequente vencedora de prêmios internacionais. Gosto de cerveja amarga, mas este ficou em terceiro lugar, entre as três.

Última da noite, a Brains SA. É a cerveja da mídia de Wales, patrocina o time de Rugby e está presente em pôsteres em todos os pubs que circulei. Mais uma vez, a cervejaria ultiliza uma mistura de lúpulos, que traz – mais uma vez – amargor na ale, não tão denotada quanto na anterior. Com um corpo mais acobreado, tem um final seco com o sabor e aroma do malte, com notas de frutas e um leve adocicado no final. Boa, bem boa, a favorita.

Todas elas são da cervejaria SA Brain&Co, própria de Cardiff, localizada desde 1713 no coração da cidade, na avenida principal. Em 1882 foi comprado pela Samuel Arthur Brain e seu tio Joseph Benjamin Brain, e os negócios continuam na família até hoje, sendo o presidente neto dos fundadores. Ainda hoje  as cervejas são produzidos de forma tradicional na cervejaria, que é um marco central da cidade, caracterizado por sua chaminé subindo ao lado da estação central de Cardiff.

Realmente, no quesito cerveja, Cardiff não me decepcionou. Já o clima... não parou de chover por um minuto sequer nos dois dias que estive lá. Depois soube por uma amiga londrina que nasceu em Wales que não chove lá por raros 15 dias no ano. Ou seja, 350 dias de água. Valeu São Pedro!

lloniannau! (Sim, isso é "Saúde" em galês)

sexta-feira, 29 de junho de 2012

Para um verão diferente, Sidras!


Quem é vivo...

Virou tradição - espero - passar as férias em Londres e dar aquela esticadinha, até onde o cartão de crédito permite! E este ano a viagem se deu por um motivo nobre e sem chance de recusa! Então, cá estou!

Já matei as saudades de muitas cervejas aqui... a primeira, correndo, foi a Früli, lógico. Depois Guinness, Innis & Gunn (a perfeita do ano passado), Snake pint (mistura australiana de uma espécie de groselha, cerveja e cidra), Carling... e sempre que possivel, aquela passada no Tesco pra descobrir algo novo e barato.

Mas hoje não falo de cerveja. Quero falar das "Ciders". Sim, a sidra, a Cereser, popular substituta brasileira do Champagne na hora dos fogos de Ano-Novo. A sidra é uma bebida preparada com sumo fermentado de maçã. Seus maiores produtores são Inglaterra e França, no entanto é também bastante popular na Suíça, Alemanha, Espanha, Portugal, Brasil, Irlanda, Áustria, África do Sul e Austrália. No Reino Unido, a sidra é geralmente associada à região oeste do país, e também produzido no País de Gales e na Inglaterra, onde há duas grades fazendas de sidras. Estima-se que há cerca de 480 fabricantes de Sidra ativos no Reino Unido, tomando 8% do mercado alcoólico do Reino Unido. Sabendo-se como este povo bebe, não é um mercado pequeno...

Já dei uma breve apresentada sobre as sidras no inicio da nossa busca, mas sem me aprofundar. Com o verão na Inglaterra, este ano foi uma das minhas primeiras opções para refrescar o calor de ... 25C. Nossa! E de fato são mais populares no verão do que as cervejas, cujas temperaturas não são as mais geladas. 

Servidas em pints repletas de cubos de gelo, elas ocupam um grande espaço nas geladeiras dos pubs e prateleiras dos supermercados. Minha favorita, sempre, é a Kopparberg. Um nome sueco, uma grande marca inglesa. A Kopparberg é uma sidra da categoria suave, leve, doce e refrescante. Me lembra um pouco a nossa H2Oh, sem muito gás e com um sabor bem suave. A de pêra minha fiel favorita, mas também nos sabores Morango, maçã e outras combinações estranhas e surpreendentes. Todo verão eles inovam com um novo rótulo. Já a "dona do pedaço" é a Strongbow, vendida tanto em garrafas longnecks como "from the tap", popular nos pubs londrinos. Uma sidra seca mais clássica, forte, de maçã tradicionalmente. Não inventam sabores. Aliás, no passado, era dos mesmos produtores da Heineken.


Ainda no popular, a Magners, a segunda mais vendida. Esta é irlandesa e comumente vista como patrocinadora de grandes eventos e shows no Reino Unido e Irlanda. Nas versões Original, Pêra, Frutas vermelhas, Light e a sensação deste verão, "Spiced Apple and Rhubarb". Eu nunca comi um ruibarbo, mas na sidra é bem gostoso. 


Estas todas já eram velhas conhecidas minhas de outros tempos, mas este ano uma nova - e excelente marca - foi lançada, que tomou o posto da perfeita entre as Ciders: Rekordelig. Sim, Sidra é algo sueco, então é comum esses nomes estranhos! A Rekorderlig é genuinamente sueca, uma empresa familiar, no mercado local desde 99 e agora se expandiu para a União Européia. Tem 6 sabores, uma sidra suave, não tão doce quanto a Kopparberg e mais refrescante.

Eu que nem buscava perfeição, achei uma Cider perfeita. Viagem de surpresas!

sexta-feira, 15 de junho de 2012

De mulher pra mulher...

Nem só de busca vive Catarina...

Eis que recebo das meninas do Negócio de Mulher um convite para um evento especial: "Oficina Feminina de Degustação de Cervejas "

Vou replicar exatamente o release que recebi e contar porque fiquei encantada:

O Negócio de Mulher, um grupo de empreendedoras que desenvolve iniciativas criativas para as mulheres, promove no dia 23 de Junho, no Cinecittá Café, em Belo Horizonte, a Oficina Feminina de Degustação de Cervejas, com Armando Fontes, produtor da Cerveja Vilã e membro fundador da AcervA Mineira (associação de cervejeiros artesanais de MG).

Com o objetivo de levar a cultura e conhecimento de cervejas às mulheres, a oficina desvendará as diferenças entre os diversos estilos da bebida, abordará a história e as principais escolas cervejeiras do mundo, além de ter um momento reservado para a degustação de rótulos nacionais e internacionais especialmente escolhidos para o paladar feminino. 

Um pesquisa realizada em 2010 pela gigante inglesa SABMiller descobriu que as mulheres são melhores provadoras de cerveja que os homens. Evidências mostrariam que elas têm mais sensibilidade para detectar off-flavours que os homens. “Percebo que as mulheres experimentam mais, estão mais abertas a novas experiências que os homens” - revela Armando.

Karine Drumond e Priscila Valentino, sócias da Negócio de Mulher, ressaltam também a ligação da mulher com as cervejas: “As mulheres estão intimamente ligadas à descoberta da cerveja e sua produção. A cerveja não foi inventada, mas aprimorada e uma mulher na Alemanha, a beata Hildegard von Bingen 1179, abadessa beneditina, erudita e visionária, deu a primeira contribuição científica e técnica à produção de cerveja ao acrescentar o lúpulo na receita - explica Karine. “Por isso não estamos inovando com essa história, mas sim resgatando um pouco desta cultura” - complementa Priscila.

O encontro acontecerá no Cinecittá Café, onde as participantes poderão aprender e degustar os rótulos que serão apresentados, acompanhados de aperitivos e sobremesa harmonizada.

As vagas são limitadas e a inscrição deve ser feita pelo link http://bit.ly/KxPTxK. O valor promocional de inscrição é de R$90, até dia 20/06 e R$100 para inscrições após esta data. (Cervejas e aperitivos já inclusos no valor). O pagamento poderá ser feito com boleto bancário, depósito ou transferência.

Data: 23 de Junho
Horário: 14:30 às 17:30 hs
Local: Cinecittá. Rua Aimorés, 582, Funcionários
Valor: promocional até dia 20/06: R$90,00 | após 20/06: R$100,00
Inscrições: http://bit.ly/KxPTxK
Mais informações no site http://bit.ly/Lmde4K, pelo telefone 31 9841-8406 ou email contato@negociodemulher.com.br

Achei a ideia sensacional! Um evento reunindo apenas a beleza das mulheres e os encantos e sabores das cerveja... de novo, SENSACIONAL. E, para mim, seria um excelente motivo para enfim conhecer BH. Massssssss embarco dia 22 para minha saga anual no velho continente, seguindo minha incansável busca por cores, cheiros, sabores e rótulos em novos e já conhecidos locais! 

Pra quem puder participar do evento e quem sabe encontrar a cerveja perfeita por lá, me conta! Sério, vou adorar ceder o espaço para mulheres engajadas na busca da cerveja perfeita! (emailme: mulheresecerveja@gmail.com)

Saúde, em mineirim...

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Quilmes que te quiero

E eis que esta é a semana mais romântica do ano!

Entre os apelos comerciais de São Valentino, João Dória e Santo Antônio, uma viagem romântica, a dois, celebrando um amor recente e cheio de novidades. Ser romântico é bom e inspira textos dignos de Neruda. Ou, melhor colocado, Cervantes.

Mas como eu não entendo poesia, minha atenção estava voltada para algo além daquele conjunto de bíceps, tríceps e palavras bonitas. Eu tinha uma família a visitar na terra de Evita Péron. Ah Buenos Aires com suas recordações, seu outono quase europeu, alfajores e aquelas Mediallunas!

E aquela cerveja...

Já falamos da Quilmes Cristal, cerveja trazida de presente de uma viagem de lua-de-mel. Mas eu fui além, e conheci a família Quilmes.

Comecei pela Quilmes Stout, uma cerveja mais indicada para aquele frio da madrugada. Uma cerveja escura, com tom avermelhado, de corpo e cremosa, feita com maltes torrados que conferem o aroma de uma Stout. É um tipo de cerveja mais doce, com um amargor muito suave e equilibrado, com caramelo torrado que lembra o café ou chocolate. Como qualquer Stout. É uma boa cerveja sim, mas sem muita personalidade. Na realidade foi este meu comentário, e ao ler sobre a cerveja, percebi que não fui a única com este sentimento...




A Quilmes Bajo Cero. Para quem conhece Antarctica e Antarctica Sub-zero, aquela filtrada a -2C... Pronto. Se não conhece, é uma cerveja mais fraca, que desce mais fácil por ser mais aguada, refrescante para os dias quentes e para quem não esperar uma cerveja encorpada. Tem o mesmo quê de azedinha da Quilmes, mas mais suave. Cerveja de praia. O que na Argentina não combinou muito. Culpa do frio, ou não.
Depois destas duas experiências um tanto medianas, mesmo sabendo que ainda tinha 3 rótulos pendentes na família e já tendo como a preferida da família a velha Cristal - uma das minhas favoritas na hora do Happy Hour - fui vencida pelo vinho. Feita esta troca, todos sabemos que não poderia retornar à cerveja pelo menos por um dia. E a viagem já teria acabado.

O que não impediu de um novo rótulo sair de Caminito para a mala. Cenas de um próximo post...

terça-feira, 5 de junho de 2012

Birra che te fa bene!

Ainda com aquela reportagem na cabeça, fui de “ingredientes exóticos”. A cerveja cujo nome sempre me fugia, mas o design do rótulo estava vívido na cabeça, e então, lá mesmo no Empório Alto dos Pinheiros, ela estava lá, entre as duas irmãs.

A Mastri Birrai Umbri Cotta 37. Suas irmãs, de sobrenome Cotta 21 e Cotta 74, a cercavam. A escolha foi feita A pela curiosidade de seu ingrediente exótico e B pelo prato que havia escolhido (pra quem não sabe, no Empório Alto dos Pinheiros também come-se muito bem!), mezzalunas coloridas de brie com manteiga de sálvia pediam uma red Ale como acompanhamento.

Cerveja artesanal italiana, então eu vou usar a descrição em italiano:

“ La Rossa Artigianale dei Mastri Birrai Umbri è prodotta seguendo la ricetta Cotta 37 con il tradizionale metodo dell’alta fermentazione e con l’impiego di materie prime ricercate e di malti speciali tostati, che caratterizzano il suo colore ramato intenso e naturalmente velato. ll suo aroma coinvolgente è dominato dalla complessità dei luppoli nobili che si evolvono verso eleganti note di caramello e buccia di arancia. Il corpo è rotondo, il gusto bilanciato. L’artigianalità della produzione, il metodo dell’alta fermentazione, la non filtrazione e la non pastorizzazione possono creare un sedimento sul fondo della bottiglia. Temperatura di servizio: 8° - 10°"

E todo meu italiano de Terra Nostra entendeu o recado: cerveja boa!

Uma Spice/Herb/Vegetable Beer. Porque? Este é o ingrediente exótico: ervilhas, que aceleram sua fermentação. Suas irmãs, que atiçaram minha curiosidade, utilizam-se de lentilhas na Cotta 74 e farro, um cereal típico italiano, na Cotta 21. Com uma garrafa (maravilhosa) de 750ml se torna impossível provar as três. 

Red artesanal, que nem é tão avermelhada, muito mais para alaranjada, dourada, turva. Sua espuma é densa, consistente, e no aroma já sentimos o toque caramelizado do malte e, veja, ervilha, entre notas adocicadas de frutas secas, Um sabor inusitado, bem maltada, e o mais intrigante é que também dá pra sentir o sabor suave da ervilha no corpo, com uma finalização levemente amarga. Por não ser filtrada e refermentada na garrafa, tem sedimentação no fundo da garrafa, o que faz com que o segundo copo seja mais turvo. Uma cerveja surpreendentemente refrescante e fácil de beber – não fosse escassos goles dos acompanhantes de mesa, tomei toda a garrafa. O preço foi justo, na minha opinião: R$37,00.


E como publicitária, não fico só na cerveja. O site da Mastri Birrai Umbri é sensacional, muito bem desenhado, com um toque clássico italiano mas com um quê do moderno da internet. Gostei muito!


E eu que jamais imaginaria quanto assunto uma simples Vejinha me traria. Que venham as de grande estilo, dias frios, dias quentes, mais fortes, mais doces e embalagens diferentes!

Salute!

quarta-feira, 23 de maio de 2012

Cerveja única, com nome e sobrenome: Brooklin Sorachi Ace

Entre tantas buscas, tantos momentos e tantas surpresas da vida, uma revista pousou em minha mesa, trazida por um co-worker que sabe da minha paixão. A Veja São Paulo surge com um especial de cervejas na cidade, com inúmeros rótulos, que eu confesso que virou meio que uma lista de “to do”. Quando vi alguns rótulos desconhecidos pensei... quero a PERFEITA desta matéria!

Iniciei então a busca naquela sexta-feira mesmo, trocando um jantar romântico por uma visitinha no Melograno de sempre.

A matéria da revista dividia os rótulos entre ingredientes exóticos, grande estilo, dias frios, dias quentes, mais fortes, mais doces, sabores inusitados e embalagens diferentes.

Sabores inusitados. Primeira escolha, aliás escolhida a dedo e com toda a má intenção de matar o Chefe Ali de inveja: Brooklyn Sorachi Ace. Envolta por um elegante rótulo denotando uma carta de baralho, a carta da grande jogada na mesa, um ás, em vermelho e dourado, estiloso, com garrafa de rolha.
Uma cerveja única e muito refrescante, cada gole pede outro, muito fácil de beber – olha o perigo, 7,6% de ABV – graças à alta carbonatação. Coloração amarela opaca forte, espuminha branca leve mas persistente. No corpo, dá pra sentir a presença forte do lúpulo, com final equilibrado, levemente ácido e cítrico. E o aroma? Ah o aroma, floral e frutado. Nem parece amarga!


Faz parte de uma série especial da Brooklyn Brewery, a Brewmaster`s Reserve. Com um raro tipo de lúpulo desenvolvido no Japão e cultivado em apenas uma fazenda do mundo, localizada no estado americano do Oregon, a Brooklyn Sorachi Ace se destaca pelas notas cítricas e um amargor forte. Uma cerveja do estilo Saison, também conhecida como Farmhouse Ale, estilo comum na França e na Bélgica e não muito popular por aqui.  Ale que chega a ser comparada a vinhos tintos devido a fermentação e sabores presentes em comum. O nome dela vem da variedade de lúpulo utilizado na cerveja, o Sorachi Ace, inventado por japoneses em 1988 através do cruzamento entre o Brewer`s Gold inglês e o Saaz tcheco. Este lúpulo tem notas cítricas e frutadas de limão muito intensas e foi a única variedade utilizada na cerveja. No processo de fabricação esta cerveja é fermentada com o fermento belga da Brooklyn, leva o raro Sorachi Ace cultivado no Oregon, passa por um dry hopping também com o mesmo lúpulo e no final passa por refermentação na garrafa com fermento de champanhe. Este momento me custou (sejamos honestas, custou ao consorte) a quantia de R$52,00, o que fez com que o namorado desfizesse de sua última frase: "Só tomarei esta cerveja a partir de hoje."

De novo, é uma cerveja única.

Pizza feita no forno ali atrás e bruschettas de brie e mel acompanharam a perfeita da noite.

Uma noite única.

quarta-feira, 2 de maio de 2012

Petroleum, uma grande descoberta!

Sejamos honestas: eu arranjo motivo para tudo. Leia-se por motivos, desculpas, esfarrapadas ou lógicas, satisfações, porquês e quero-porque-queros.

E a páscoa – aquela que passou há quase um mês – foi o “motivo” que o amigo Robson do Empório Alto dos Pinheiros (sério, adoro ele, me cumprimenta pelo nome e sabe praticamente todas as cervejas que eu comprei lá) me deu para provar o lançamento da Wäls: a Wäls Petroleum. “Páscoa taí, gosta de chocolate? Então... esta aqui é a última recebida, lançamento da Wäls, conhece?". Até busquei no Google uma foto do Robson pra ilustrar. Preciso de uma foto com ele pra agradecer a atenção e as mesas rápidas em dias de superlotação!

Lançada oficialmente em 20 de março (e provada em 31 de março, ainda ‘quentinha’), a Wäls Petroleum é fruto de alguns anos de estudo e dedicação da microcervejaria mineira Wäls, que desde de 1999 se orgulha de trabalhar em uma produção ecologicamente correta, com sua própria estação de tratamento de esgoto, coleta seletiva e com sustentabilidade. Seus barris de maturação vieram da Escócia, de carvalho francês. Todo este cuidado e carinho renderam à cervejaria o título de Cervejaria do ano e a medalha de ouro para a Wäls Petroleum na Copa Sul-Americana de Cervejas no Festival Brasileiro da Cerveja (a cervejaria ainda levou ouro em outra categoria-chave, eleita a campeã no estilo Pilsen).

Fruto da parceria com a paranaense DUM, a Wäls Petroleum é uma Russian Imperial Stout, elaborada com diversos tipos de grãos escuros, com aromas de malte torrado, chocolate belga e toffee. Ainda, é maturada com cacau belga. Tudo isso rende à esta Stout – que todos sabem que é um dos meus estilos favoritos – uma textura aveludada num corpo escuro, combinando com uma espuma marrom, e um fortíssimo aroma, que sim, é de Páscoa. No sabor, uma surpresa agradável... o amargor é forte mas equilibrado. Não trava, desliza pela boca, é a mesma sensação de apreciar um belo chocolate belga, daqueles carregado no cacau, intensos. Posso dizer que esta está para um cervejeiro – zitolibador – assim como o chocolate está para a mulher. Não li uma crítica sequer a respeito da Wäls Petroleum, apenas descrições de experiências inesquecíveis. E o preço: R$23,00 por 360ml.

Perfeita! E quase feminina: seu corpo negro e sabor inebriante escondem seus 12% de ABV.

Vou repetir: maturada com cacau belga, caso isso tenha passado despercebido.

Como o próprio rótulo faz questão de enfatizar, uma grande descoberta (assim como petróleo, mas acho infeliz ter que explicar o insight do nome né?!). Se não fosse a queda do copo na mesa que me rendeu um corte bonito na perna... Mas ainda assim a experiência foi positiva e minha páscoa muito mais feliz.

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Lady in Black

Esse não foi um patrocínio, foi uma solicitação desesperada. Assim que soube que a Curi (a já apresentada Semyle) ia nos representar no Festival Brasileiro da Cerveja em Blumenau, eu já corri meus dedinhos pelo teclado para pesquisar o que eu queria de lá. Eis que, antes mesmo do Festival acontecer, eu vejo o lançamento da cerveja mais tendenciosa da história do Mulheres e Cerveja: a Lady in Black.

Foi no próprio site do Festival que eu li:
Mais uma vez presente no festival, a Sauber Beer, de Mogi Mirim (SP), aproveita para divulgar a Lady in Black, uma cerveja produzida em homenagem às mulheres. "Como diz o nome, é uma cerveja preta mais encorpada e adocicada para agradar o paladar feminino", ressalta o engenheiro químico Renato Marquetti Júnior.
Não tive dúvidas que era essa que eu queria! E ela não decepcionou.

O lançamento da Sauber Beer foi um presente de Renato para a esposa Vanesca, que mesmo tendo apoiado a cervejaria desde o início, não era apreciadora da bebida. Ele ficava constrangido com isso e se empenhou em pesquisar o paladar feminino, até chegar nesta cerveja, aprovada pela esposa, ainda que ela tenha reclamado do leve amargor no final. "Claro que eu adorei. É uma cerveja escura, como as mulheres gostam, mas que por outro lado é leve", explica ela. E eu assino embaixo. A cerveja, uma Stout bem equilibrada, cremosa, com espuma densa e persistente. Um aroma clássico das Stouts mas já afirmando o equilíbrio do amargor: um adocicado gostoso, pouca presença de lúpulo, amadeirado. Já no aroma percebe-se que é uma Stout doce que não vai ser enjoativa. Digo isso pq vi muito da Malzebier na Lady in Black, mas sem aquela “pegada” do açúcar da Malzebier, não trava, desce muito mais amena, deixando no fundo da boca o amargor que caracteriza uma boa Stout.

A Sauber Beer nasceu em 2009 da combinação entre a experiência de mais de 25 anos em Engenharia Química  de Renato e a paixão pela cerveja de alta qualidade. As cervejas são produzidas ao som dos pássaros e quedas d’água em uma agradável chácara na cidade de Mogi Mirim (SP), onde a proposta é obter uma cerveja que resgate o verdadeiro sabor de antigamente. 

A receita deu certo, já que na produção foram usados lúpulos mais suaves, mais aromatizados. Esta “fornada” especial rendeu apenas 100 garrafas de 600ml. Espero ver mais por aí. É uma cerveja que eu quero repetir a dose!

terça-feira, 17 de abril de 2012

Uma correspondente especial...

Um pedido de desculpas. E algumas justificativas... Pela primeira vez em mais de um ano eu fiquei praticamente um mês fora da vida cervejeira. 

Sim, eu tomei algumas, houve eventos, houve motivos, houve novas provas, o que não houve foi tempo. Além de ter tido a amigdalite da vida, eu tenho trabalhado como um camelo. E ainda, Catarina agora tem seu consorte, o que faz com que as horas vagas sejam sabiamente preenchidas com outras tarefas mundanas. E este consorte gosta mesmo é de energético, aí já viu...

Mas em blog de cerveja falemos de cerveja! E temos novidades... uma correspondente amante do mundo da cerveja, a Semyle Berardi - ou a Curi para os mais várzeas - mais que colega de trabalho, amiga que mora em Florianópolis e toda vez que vem para a matriz da empresa aqui em SP me traz boas cervejas, geralmente compradas no Beer Boss. Ela já me trouxe entre tantas uma Coruja, Theresópolis, Paulaner, Edelweiss e agora trouxe a menina dos olhos do Festival Brasileiro da Cerveja 2012, que aconteceu entre 21 e 24 de março em Blumenau – SC: a Lady in Black, cuja resenha está no forno! (Mas adianto: uma cerveja com nome de mulher feita para uma mulher... sensacional!)

Semyle ("Curi") no FBC 2012
O Festival contou com 84 stands de cervejarias artesanais e conhecidas, oferecendo mais de 500 rótulos para cerca de 23mil pessoas nos 4 dias de evento nesta quarta edição, que além de cervejas  este ano privilegiou a gastronomia local. Foram seis pontos de alimentação, que registraram um movimento intenso em quatro dias, especialmente na sexta e no sábado. A Semyle saiu de lá com 2 garrafas de Duff, que era a febre do local, com filas para a prova e compra – como sempre digo, o Marketing da Duff tem feito miséria aqui no Brasil. Ainda, uma coleção de bolachas, folders, copos e cerveja. Uma cervejeira nata que ainda está descobrindo seu potencial!

E que potencial. Antes mesmo de se considerar cervejeira, tem sua candidata à perfeita: o Chopp Asgard. Alias vale citar que a curiosidade nasceu do marido da Semyle, que se interessou pelo chopp – antes mesmo de saber que este havia sido premiado como o melhor chopp do Festival Brasileiro de Cerveja 2012 no dia anterior – pelo nome, já que Asgard é o planeta do Thor (amantes de HQ deleitem-se!). Foi o Chopp mais vendido também, com filas longas e que por pouco não permitiram a compra do souvenir: a camiseta do Thor (segundo o dono da cervejaria foram feitas apenas 780 unidades, esgotadas no mesmo dia do lançamento).

O Chopp Asgard, da microcervejaria de mesmo nome que fica em Curitiba, PR, é considerado 100% natural, por não levar aditivos, e apresenta baixo teor alcoólico, cum um ABV de 3,4%. Dá pra sentir que tem pouco álcool, mas ainda assim é bem encorpado, de tonalidade turva, nebulosa. O chope é claro, leve e de baixa acidez, pois passa por um sistema de filtragem diferente da cerveja (que é pasteurizada, lembram da diferença?). Sua principal diferencial está no envase: um barril de aço inox com capacidade para dez litros apenas. Ainda, tem todo um cuidado com o processo de produção, que começa na escolha da água a ser utilizada, retirada de uma fonte própria. E isso fez toda a diferença no sabor do líquido, eleito o melhor da vida da nossa correspondente especial, que espero que continue engrandecendo nossa busca com sua participação especial.

Veja mais fotos do evento e de todos os stands visitados na página do MC no Facebook!

quarta-feira, 21 de março de 2012

St. Patrick's Day, tour de cerveja e amizade!

Algumas datas são esperadas ansiosamente. E pra mim, o St. Patrick's Day, o Dia de São Patrício, é uma delas. Resolvi que comemoraria da maneira mais irlandesa possível, sob o maior número de tradições: de verde, fazendo um tour pelos principais pub's de São Paulo, onde o objetivo era tomar uma cerveja por local.

Foi assim que comemorei meu primeiro St. Patrick's, lá em Londres há 2 anos. Queria reviver um pouquinho daquela nostalgia. E posso falar? Aqui foi muito mais interessante!
Pra começar, claro, Mulheres e Cerveja sempre à caráter. As camisetas verdes deram o que falar, puxaram assunto e foram alvo de olhares desconfiados e conhecidos (beijos pro pessoal da Cerveja Gourmet!). As amigas como sempre participaram e até os amigos exigiram uma de presente... e eu não sei dizer não, tinha camiseta e baby-look, todos fofos! Alias, momento agradecer à todos pelo apoio: Vaninha, Dani Pioli, Ali, Nick e até a minha mãe - que agora resolveu que acompanha super o blog depois de ganhar a camiseta e desfilar por aí toda toda!

Camiseta para os Homens,
Babylook para as  Mulheres
Após os preparativos, às 14h começou o já programado tour. Eu sabia que não seria fácil, que teria trânsito e que, por ser sábado, teriam filas e mais filas... mas toda esta expectativa foi triplicada! Filas não... horas de espera. Trânsito não... engarrafamento. Pubs cheios não... esquema "sai um pra entrar um". Cerveja não... MUITA cerveja!

o verde invadiu o dia,
dos sapatos e cervejas às... unhas! 
 
Chegamos no O'Malleys cerca de duas e pouco da tarde, e adivinha? Lo-ta-do. Cardápio reduzido, conseguimos um cantinho para sentar e pedir uma demorada porção de fritas e filé aperitivo. Mas a cerveja, rápida e verde, verdinha - assim como a ponta do meu nariz por tradição! Uma Heineken gelada - por incrível que pareça. Duas delas depois e, antes da casa começar a cobrar entrada, nos despedimos do ponto um do tour rumo ao The Blue Pub.

Lá, uma taxa de entrada alta para quem queria ficar alguns minutos: R$31,00. Mas nada como a delicadeza - chamemos assim - feminina. Entramos com um cronômetro: 10 minutos para conhecer sem pagar entrada! Foi o tempo necessário para um amigo e dois raros exemplares da Duff verde, edição especial da Duff para o St. Patrick's Day. Foi o momento do dia. Eu, que ainda não tinha experimentado a cerveja (sério), parei o mundo naquele momento para curtir a long neck puro malte e seu sabor encorpado. Um aroma forte, que me remeteu à primeira vez que coloquei cevada nas mãos. No sabor, biscoito. Ah vai... era a cevada, mas sim, biscoito, que logo logo dá lugar ao amarguinho do lúpulo. Enfim, igualzinha a Duff vermelhinha que eu tomei depois, "pra comparar" (desculpinha...)

Após cerca de 30 minutos, novo rumo: All Black. Só pra ver a fila e dizer "nãããão". E seguimos para a busca de outro Pub. Finnegan's. Cheio e fila. Brew Pub. Oi? "Ah, vamos inovar o tour e tomar uma no Empório Alto dos Pinheiros e então partir pro Queen's Head? Sim!

Lá, chopp Bamberg verde e aquele atendimento eficaz de sempre, sem fila e bem baratinha. Cestinha de pães e conversas femininas depois, 3 quarteirões de caminhada para o Queen's Head que adivinha? Fechado até que esvaziasse um pouco. Um sorvetinho de volta no Empório e rumo àquele que seria o final da noite de acordo com a programação: The Sailor.

Eu trabalho do lado do local, passo todo santo dia ali e me assustei com o que vi. Portas abertas, som no meio da Faria Lima, fila até o posto da esquina. E ainda eram 8:30pm. Paramos um pouquinho, socialização na fila pra ver o que era e o que não era e... Kiaora! Fila média, R$35,00 de entrada e hummm... quer saber? Vamos pra St. Patrick's Party, organizada pelo All Black?

E foi lá que, as oito da manhã do domingo, St, Patrick's acabou. Num galpão na Vila Leopoldina, Leprechauns, potes de ouro, Baileys e muita Guinness - que ÓBVIO que eu entrei no bar pra tirar a minha. A banda tocava U2, a decoração festiva verde com trevos e chapéus, fiz Micheladas verdes no bar para os amigos e a fila de mais de uma hora era regada por esperança, vento frio e Budweiser do posto de gasolina.

Sim, foi perfeito. Afinal, "as coisas boas vêm para aqueles que esperam"!