segunda-feira, 25 de julho de 2011

Fruit de la passion

Fruit de la passion, ou fruto da paixão, sempre foi minha fruta preferida. Desde criancinha adorava come-la à colheradas. Curtindo seu sabor deliciosamente azedo. Afinal, maracujá bom é maracujá azedo.

Para quem não sabe, o maracujá é brasileiríssimo, e um belo dia, entre 1605 e 1621, a planta do maracujá com suas exuberantes flores, foi dada de presente ao Papa Paulo V. Ele se encantou tanto com o extraordinário presente, que mandou cultivá-la em Roma e divulgou que ela representava uma revelação divina. Devido à este fato, somado à beleza e característica de suas flores, relacionou-se a planta à "Paixão de Cristo", esta é a origem de seu gênero botânico "passio" e fica bem mais fácil saber porque os franceses o conhecem como fruit de la passion. Pois é, não tem relação com a paixão carnal, ardente, responsável por arritmias e borboletas no estômago.

Mas como eu dizia, o maracujá sempre foi minha fruta preferida e é aí que começa nossa história.

Na última quinta-feira, minha amiga Liane me apresentou ao café elétrico, que já era uma indicação de um outro amigo, o Péricles. Lugar muito bacana, para se sentir a vontade, tomar boas cervejas e ouvir música de qualidade.

Chegamos, nos instalamos e então o Aroldo veio nos atender. Ele, dono do café elétrico, conhecedor e amante de cervejas, foi a pessoa certa para nos indicar o que havia de mais novo e especial para provarmos, além de dicas e um longo e interessante papo.

Agora imagina o meu sorriso ao ouvir dele que já leu o blog. Me senti quase famosa... enfim...

A cerveja escolhida foi a Basement California Golden Ale. Parece um palavrão eu sei, então vou facilitar um pouquinho.

Foto: Café Eletrico Bar
Califórnia é um tipo de cerveja feita com o fermento para Lagers, mas fermentada em temperatura para Ales. Golden Ale, ou Belgian Blond Ale é uma Pale Ale mais dourada e encorpada, e por sua vez Pale Ale são as Ales claras, com graduação alcoólica até 6% e que possuem características suaves. Se parasse por aí já seria uma cerveja interessante, mas não pára. A Basement não tem tampa, tem rolha. Sim, rolha, como champagne. Isto porque, depois que ela é envasada, recebe mais fermento e então sofre uma refermentação dentro da garrafa.

Além disso é produzida com maltes alemães, lúpulos americanos e leveduras belgas.

Mas calma, ainda não cheguei na melhor parte.

Ela chegou à mesa, devidamente gelada. No copo ideal onde pude perceber sua cor, mais avermelhada do que as golden ales provadas até então. Sua espuma densa, mas não muito persistente e seu aroma suave, onde nota-se um leve caramelado. Então a provei.

Na hora eu entrei em um psicodélico túnel do tempo ao reconhecer um sabor muito familiar. Com ar incrédulo e a cabeça cheia de boas recordações, pensei comigo feliz "maracujá".

No minuto seguinte já me peguei pensando que estava imaginando coisas, sentindo sabores inexistentes. Será que já poderia confiar assim no meu paladar? Fazer o que? Mulheres teem momentos de insegurança.

Segundo gole, mais cítrico ainda, um pouco de mel e o amargor leve no final. Não podia acreditar, estava inventando coisas ou havia maracujá ou alguma fruta muito semelhante à ele naquela cerveja? Para acabar com as dúvidas: O Rótulo. Mais um detalhe? O rótulo tem uma mulher oferecendo uma caneca de cerveja.

Li e fiquei radiante: Rica em aromas de frutas amarelas, refrescante, com notas de mel, caramelo e um suave amargor. Possui maltes alemães, lúpulos americanos e leveduras belgas na sua composição. Cerveja artesanal refermentada na garrafa!

Há frutas amarelas! Chega de insegurança. Nada como um sabor tão familiar e adorado para nos dar mais confiança às nossas próprias percepções, não é mesmo?

Depois disso tomei o terceiro gole mais feliz da vida... e o quarto... o quinto... até o triste fim do copo.

Senti que a Basement California Golden Ale, produzida em Videira, Santa Catarina e lançada na última Brasil Brau, chegou mesmo é para arrasar corações. Mas também, contando com a ajuda da fruit de la passion o resultado não poderia ser diferente.

8 comentários:

  1. Mais um post que deixa água na boca e uma vontade absurda de provar a cerveja!

    Perfeita?

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  2. Vamos voltar ao bar e toma-la ainda esta semana então. Preciso provar!

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  3. Ô cerveja boa! Não percebi o gostinho de frutas amarelas logo de cara como a Renata, mas depois que ela falou, apreciei com muito mais sabedoria!

    Ah, também me senti quase famosa sendo citada aqui, viu? Hahaha

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  4. Experimentei essa California Golden Ale na Brau Brasil. Foi a cerveja que me surpreendeu na feira, excelente mesmo!

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