sexta-feira, 25 de março de 2011

Discutível Perfeição

Catarina e Renatinha são amigas de longa data. Mais que isso, uma equipe. Mas são diferentes, muito diferentes. Vêem a vida sob perspectivas completamente díspares. Se divertem juntas, bebem juntas mas não necessariamente encaram o mundo da mesma forma. E no post de hoje mostramos que, no mesmo assunto, temos dois textos que provam como personalidades divergentes não influenciam amizades... amizade esta que, aliás, só cresce, a cada texto, a cada gole, a cada descoberta.
Esta semana, falamos sobre a Devassa e sua nova campanha. Só que, ao discutirmos este assunto – claro, numa mesa regada à cerveja e agradáveis companhias, percebemos quão divergente nossa opinião sobre o assunto era. E resolvemos dividir nossos pontos de vista:

A Devassa... por Renatinha - Um brinde à espontaneidade.

Todo mundo sabe que mulher também bebe e gosta de cerveja (se não sabe, basta ler este blog para descobrir). Então porque ainda a maior parte das marcas insistem em direcionar suas campanhas aos homens? Pois é, mulheres gostam de cerveja, assistem televisão, lêem revistas, vão ao mercado, aos bares, são consumidoras em potencial e gostam de campanhas nas quais sintam-se incluídas.

Então podemos supor que as campanhas de cerveja deveriam abolir essa comparação de mulheres e cerveja, certo? Quase isso. Em 99,99% dos casos essa premissa é válida, mas quando temos uma cerveja com o nome de Devassa, essa regra não só pode, como deve ser quebrada. E isso pode ser visto de uma forma muitíssimo bem desenvolvida nos anúncios da Devassa com a Paris Hilton e com a Sandy. Sim, com a Sandy, mas vamos do começo.

Não poderia haver escolha melhor do que a Paris para representar uma cerveja com este nome. Devido a seu histórico de grandes arrebatamentos, por sua impetuosidade e querer manter-se sob a luz dos holofotes a qualquer custo. Perfeita e instigante a campanha causou uma grande e polêmica repercussão ao ser tirada do ar.

Em minha humilde opinião é no mínimo hipócrita no país do carnaval, onde mulheres semi(?)-nuas desfilam sem nenhum pudor, vetarem a Paris Hilton, devidamente vestida dançando de forma sensual enquanto transeuntes ficavam admirados com sua ousadia.

Enfim, polêmicas a parte (este parece ser o real tema das campanhas da Devassa) a Paris causou tal frisson que até hoje me pego rindo sozinha ao lembrar que mesmo em uma mesa só de mulheres nos divertimos muito ao ligar para a Paris enquanto tomávamos várias Devassas.

Mas a publicidade não pára, e vive de idéias criativas e inovadoras, às vezes até um pouco ousadas demais. Quem poderia então substituir a Paris no papel da nova Devassa? Quem poderia ser comparada à Paris? Quem superaria a Paris causando um verdadeiro frisson e polêmicas na rede? Qualquer outra no mesmo estilo seria apenas uma sequência nada criativa e ousada que não despertaria o interesse de consumidores e consumidoras. É nesse ponto que entra a Sandy.

Quando penso em Sandy só consigo visualizar aquela menininha chatinha, que fala sem parar, que fazia de tudo para ofuscar o irmão e que pregava um puritanismo que os fãs que me desculpem, mas não combina com o mundo real e não convence muita gente. Lembro de um grande amigo da época da faculdade, completamente alucinado pela Sandy que dizia que sua paixão era justamente por ter certeza que ela não tinha nada de santinha, que aquilo ali era só tipo para esconder uma verdadeira fera, ou se preferirem, uma verdadeira devassa.

Também nunca vou me esquecer de uma aula de teatro onde interpretávamos um tribunal e a ré confessa tinha que dar o seu depoimento sobre o assassinato da Sandy. A atriz em sua retórica bem articulada e cheia de argumentos contra a hipocrisia pueril pregada pela cantora adolescente foi absolvida com maioria absoluta dos votos do jurí. O argumento que nos convenceu é que ninguém poderia ser acusado de matar algo que não existe, como o papai-noel ou uma adolescente tão pura, meiga, santa, ingenua, virgem e tímida como a Sandy pregava ser.

Ou seja, a Sandy como nova Devassa dá um grito libertário pelo fim da hipocrisia. Viva o lado Devassa da vida, o lado leve, refrescante de estar entre amigos, de ser espontâneo. Porque a vida cheia de regras perde totalmente a graça e nos transforma em robozinhos que apenas seguem um protocolo que tem como promessa garantir a felicidade.

Protocolo este que pelo visto, nem a Sandy aguenta mais.

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A Devassa... por Catarina - Um brinde à diversidade

Eu acho que um blog que trata de mulher e de cerveja não pode se abster de falar sobre o assunto... podemos dizer que é notícia velha, que passou, que o “boom” já aconteceu, mas eu ainda quero falar da nova Devassa.

Sim, porque até poucos meses atrás eu estava pendurada no celular, rodeada de mulheres em um restaurante, com dezenas de garrafas de Devassa à minha frente torcendo – e sendo filmada – para falar com a Paris Hilton. Queria mesmo saber se ela ia falar em inglês ou português, saber o sotaque, o que ela iria falar. Curiosa, bem no estilo consumidora participando de promoção de sabão em pó.

Vou contar um segredo, que até mesmo a Renatinha caiu de costas quando soube: eu sou fã da Sandy. Quer dizer, não essa nova Sandy, que cortou o cabelo e começou a cantar algo como jazz, mas do bom e velho “Sandy e Jr.”, que tocava em dupla, usava franja e roupas de franja e tinha seriado no domingo. Eu ainda sei várias músicas do Sandy e Jr. de cor e salteado, dancinhas inclusive. Porque eu e Sandy temos a mesma idade, porque eu passei a infância e adolescência escutando e revivo algumas músicas. No karaokê principalmente, no meu repertorio sempre tem “Maria Chiquinha”. É meu lado criança que eu não permito deixar apagar. Gosto disso.

Mas ve-la loira e tentando provar que de puritana ela não tem nada... não sei. Não me convenceu. A mesma garota que passou anos da vida defendendo a virgindade, casou com o primeiro namorado e tem o selo de qualidade de família feliz não vai me convencer que já dançou bêbada em cima da mesa de um bar. E não estou criticando o lado puritano da Sandy não, afinal, contrariando o marketing da Devassa, todo mundo tem é um lado puritano mesmo, de Amélia, tímido e retraído. Até mesmo a antiga Devassa Paris Hilton deve ter seus momentos introspectos.  Sensualidade na Sandy não é algo que vem do sex appeal. Se, aos olhos masculinos, ela denota algum desejo, é exatamente pela pureza que ela construiu durante seus 24, 25 anos de carreira. Não é um cachê que vai mudar isso. Mas ainda assim eu gosto da ousadia da cerveja ao escolhê-la – embora queria muito ser uma mosquinha pra ter participado das negociações e descobrir o que fez a Sandy aceitar o papel, ah queria. Acho que, se o objetivo era barulho, bem feito! A mídia espontânea gerada, de critica ou elogio, foi excelente.

Já a cerveja... bom, eu gosto, é sempre uma das minhas opções quando a ocasião é apenas brindar e descontrair, é uma cerveja leve, e – o que eu adoro – dá sempre pra brincar com a marca e fazer piadinhas com as amigas. Eu conheci a Devassa quando ela era ainda tipicamente carioca, estava a trabalho no Rio de Janeiro e visitar a Devassa era coisa de turista. Provei as então alardeadas loura, ruiva e negra. Naquela época – 6 anos atrás – eu ainda não tinha realizado que era fascinada por cerveja, elegi a ruiva minha favorita unicamente porque combinava com meu cabelo. Hoje eu já coloco a Devassa em outro patamar, tirando-a da cerveja “de turista” para a cerveja “de ocasião”, onde a loura tem mais frequência: uma pilsen clara e refrescante, que me dá o charme que preciso para conquistar qualquer homem, mesmo abrindo a long neck com o antebraço (sim rapazes) e finalizar o primeiro gole com aquela olhadinha clássica e dizer, com sotaque e força, Devassa!

E vc, Devassa ou apenas outra loira gelada?

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